
O trabalho contínuo de defesa agropecuária resultou em bons indicadores em sanidade animal para Santa Catarina. Um dos mais notáveis é a prevalência de brucelose no rebanho bovídeo, de apenas 0,9%, que é a menor do país. Deste modo, o Estado de Santa Catarina é o único considerado pelo Ministério da Agricultura e da Pecuária (Mapa) com “classificação A” quanto ao risco para esta doença.
A brucelose é uma zoonose e pode ser transmitida a humanos pelo consumo de leite e derivados provenientes de animais contaminados, se os produtos não forem fervidos ou pasteurizados para eliminar a bactéria causadora da doença. O contato direto das pessoas que manejam os animais com secreções de animais doentes, sem o uso de equipamentos de proteção individual, também pode representar uma forma de contágio.

Ao implementar no estado o Plano Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Bovina (PNCEBT), a Cidasc adota um conjunto de ações para promover a sanidade animal e resguardar a saúde humana. “As estratégias de controle da brucelose são realizadas de acordo com a situação epidemiológica da doença. Estudos mostram que prevalências de rebanho superiores a 2% requerem vacinação obrigatória das fêmeas com 3 a 8 meses de idade como principal medida de controle da doença. Quando a prevalência alcança índices inferiores a 2%, a vacinação obrigatória de todas as fêmeas não é a medida mais efetiva, sendo mais adequado o uso de estratégias de erradicação da brucelose com o incremento de ações de diagnóstico, vigilância, sacrifício sanitário dos animais positivos e saneamento de focos”, explica o médico-veterinário da Cidasc Fabrício Bernardi, da Coordenação Estadual de Erradicação de Brucelose e Tuberculose.
A vacinação obrigatória não é uma estratégia adotada em Santa Catarina, pois a Cidasc utiliza outras ações consideradas mais efetivas diante das condições locais, como a vigilância ativa para identificar e eliminar possíveis focos residuais da doença, a rastreabilidade bovina e o controle sanitário na produção de leite. A vacinação com a cepa RB51 é permitida para os produtores que optarem por imunizar preventivamente seu rebanho, sendo obrigatória em propriedades que tenham foco confirmado da doença. Já a vacina B19 não é autorizada em SC, devido ao risco de interferência nos testes diagnósticos até os 24 meses de idade das fêmeas vacinadas.

O balanço divulgado pelo Fundo Estadual de Sanidade Animal (Fundesa) aponta que, em 2024, foram destinados cerca de R$ 15,6 milhões para indenizações relacionadas ao abate sanitário de animais doentes. Esses recursos são essenciais para permitir que os produtores possam repor seus rebanhos, preservando o equilíbrio econômico e mitigando o risco de disseminação de doenças.
Porém, antes disso há o trabalho de prevenção. A Cidasc orienta os produtores a adquirirem apenas animais com comprovação de sua condição sanitária, para evitar a introdução da brucelose e de outras doenças no rebanho. A testagem periódica dos animais para brucelose e tuberculose é outra medida que contribui para que a sanidade animal seja preservada, identificando precocemente os casos antes que a enfermidade atinja um número maior de bovinos.
A realização de exames de brucelose e tuberculose é obrigatória para propriedades fornecedoras de leite. No caso da tuberculose, o exame nos animais deve ser realizado a cada 36 meses; no da brucelose, uma amostra do leite do tanque deve ser coletada pelo laticínio pelo menos uma vez a cada 12 meses. O produtor que estiver disposto a realizá-los em intervalos menores pode buscar a certificação de propriedade livre de brucelose e tuberculose.
No momento, há cerca de 3400 propriedades certificadas livres de brucelose e tuberculose em Santa Catarina, a maioria dedicada à bovinocultura de leite. Para obter o certificado, é preciso abrir um processo junto à Cidasc, cuja principal exigência é obter dois exames consecutivos, com resultado negativo para ambas as doenças, em um intervalo entre 6 e 12 meses. A renovação é anual, mediante a realização de novos exames, com resultado negativo, é claro.
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