A maioria dos produtores em granjas tenta se preparar para enfrentar as mais duras mudanças de tempo durante os dias e noites. Mas quão eficiente é essa preparação? Temos tecnologias, equipamentos, sistemas de aquecimento e estrutura de construções de aviários para nos ajudar nisso?
A segunda quinzena do mês de julho de 2017 registrou uma das noites mais frias que o Brasil já teve durante o inverno. Embora tenha sido apenas uma noite, diferente do que ocorreu no ano passado, tivemos nossas maiores fragilidades expostas: a dificuldade em aquecer granjas e vedar de maneira satisfatória os aviários, com o uso de estruturas e manejos efetivos para tornar o bem-estar das aves mais agradável, em busca de melhores resultados zootécnicos.
No mês de agosto, registramos dias quentes e noites frias, quando os maiores problemas de manejo acontecem. As aves necessitam de ventilação mais efetiva, com mais velocidade de ar durante o dia, por ventiladores convencionais ou por exaustores climatizados nos aviários, com pressão estática negativa. No período entre o fim de tarde e o amanhecer, o delta de temperatura ou a amplitude térmica aumentam muito entre dia e noite, e a ventilação mínima é requerida para não gerarmos sensações de vento frio sobre as aves.
Isolamento e vedação de aviários
Já sabemos que granja forrada, além de ajudar na insolação que vem do telhado, diminui o espaço físico, ou seja, a área a ser aquecida. Também já não deve ser protocolo de teste nenhum fazer um bom cortinado duplo para isolar as intempéries climáticas.
As cortinas de vedação dos aviários estão entre as tecnologias e equipamentos que devem ser instaladas de maneira correta nas granjas. Que sejam, no mínimo, um cortinado duplo, instaladas uma do lado interno e outra do lado externo das colunas dos aviários. Elas também devem ser cortinas plásticas de rafia e com laminação dos dois lados. Essas duas cortinas devem ter sua vedação em forma de envelope nas laterais e parte de cima, e devem ser bem fixadas na mureta interna e externa dos aviários.
Outro ponto importante é que as cortinas duplas devem abrir de cima para baixo, para que o ar mais frio entre no aviário sempre pela parte superior. Este ar, que entra mais denso e pesado, deve se misturar com o ar quente e menos denso que se acumula na parte superior interna dos pinteiros e, assim, fazer o propósito de se aquecer antes de baixar ao nível das aves, sem velocidade de vento sobre elas e com temperatura mais alta.
Os galpões convencionais de pressão positiva, que são a ampla maioria no Brasil, têm seus melhores resultados nos períodos frios, pelo fato de fecharmos as cortinas, colocarmos cortinas duplas e ventilarmos minimamente para não perder calor do pinteiro. Estes aviários muitas vezes ganham em performance no inverno dos galpões modernos climatizados, mas eles poderiam ter resultados melhores com manejo simples de cortina, de forma mais frequente durante a noite.
Contudo, o manejo é manual e sabemos que a renovação do ar é mais eficiente pela abertura sistemática das cortinas interna e externa. Uma solução para isso seria um mecanismo eletromecânico que controla a abertura e o fechamento das cortinas. Já existente no mercado esse equipamento, que realiza de forma eficiente e automática a abertura e fechamento durante todo o dia, de acordo com a necessidade de renovação do ar dos pinteiros.
Uso de inlets, janelas de entrada de ar
Quanto aos galpões climatizados de pressão estática negativa, sabemos da importância de utilizarmos os “inlets”, as chamadas janelas de entrada de ar. Os depoimentos das pessoas que estão dominando o uso correto deste equipamento são cada vez mais positivos, com garantia de melhoras significativas na performance das aves. Eles são usados para segmentar a entrada de ar ao longo da lateral dos aviários, direcionar este ar para entrar sempre pela parte superior dos pinteiros e aquecer gradativamente o ar que entra frio e mais úmido. Com o aquecimento do ar, a umidade vai inversamente diminuindo sua concentração.
Estão equivocados os que pensam que este equipamento não tem utilidade nas granjas de países tropicais como o nosso. Nos chegam cada vez mais números e relatos de que os manejos de ventilação mínima e transição nestes tipos de aviários, com os inlets, estão mais eficientes e mostrando melhores números a cada dia.
Os inlets conseguem subir até 20° Celsius da temperatura do ar que entra e abaixar em até 75% a umidade do ar de fora para dentro da granja. Em números práticos e importantes, conseguimos manter as temperaturas mais aquecidas dentro das granjas, com baixíssima sensação de vento sobre as aves, e de maneira mais importante ainda para o controle de ventilação mínima e de umidade, baixamos a umidade relativa do ar interna da granja em até cerca de 25%. Lembremos aqui que a umidade é a grandeza de maior impacto no manejo de ventilação e ambiência da avicultura.
Sistemas de aquecimento nas granjas
Não menos importante, deixamos para falar ao final desta matéria, os sistemas de aquecimento vão ser decisivos para manter as aves nas zonas de temperaturas desejadas em cada idade, mas principalmente nas fases inicias, antes do empenamento completo que ocorre por volta dos 28 dias de vida. A manutenção da homeotermia é condição essencial e imprescindível para manter as aves em um equilíbrio metabólico de trocas de calor com o ambiente.
A maioria das granjas de frangos de corte está utilizando de maneira mais sustentável a madeira, em forma de lenha, cavaco e pellets (este último tem se mostrado uma forma pouco mais custosa, mas, sem duvida uma fonte mais limpa, segura, de excelente poder calorífico, de melhor autonomia de tempo de queima, entre outras vantagens sobre a lenha em toras e o cavaco de madeira).
Muitas granjas de matrizes e algumas de frango de corte já mudaram para aquecimento de campanulas a gás, relatando também excelente aquecimento de cama pela radiação direcionada mais fácil do sistema ao piso, maior uniformidade de temperatura ao longo do aviário nas aberturas de espaços do pinteiros.
Mas sempre devemos fazer os cálculos ideais e corretos, com sobra de aquecimento, pensando sempre atender com eficiência nos meses mais frios. Um número sugestivo, deveríamos ter ao menos 170 BTUs/metros cúbico do aviário ou 0,05K Watts/hora de poder calorífico para um sistema funcionar mais eficiente possível nas granjas.
Conclusões
As tarefas mais importantes nas granjas são manter as aves em homeotermia, efetivar aquecimento adequado, temperaturas desejadas, controle de umidade, vedando e isolando granjas, controlando a ventilação mínima e tentando ao máximo manter os parâmetros de conforto das aves. Isto são condições simples e mínimas para termos melhores resultados em nossas criações.
Artigo escrito pelo médico veterinário José Luís Januário
Fonte: O Presente Rural
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