Com uso de tecnologia, ação fortalece prevenção contra brucelose e tuberculose, em parceria com a Coopersanto

Sob forte vento e céu encoberto, os profissionais do Departamento Regional de Tubarão da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), do Instituto Catarinense de Sanidade Animal (Icasa), médicos-veterinários habilitados e produtores rurais realizaram exames de brucelose e tuberculose em 217 bovinos, no campo Parobé, em Laguna. A iniciativa faz parte de um projeto piloto que busca modernizar e padronizar o acompanhamento da sanidade animal em áreas públicas de uso coletivo, típicas da região.
A operação foi marcada não apenas pela tecnologia, mas também pela cooperação. Enquanto os veterinários utilizavam internet via satélite e planilhas online em tempo real para registrar dados e fotografias de cada animal, os produtores, associados da Coopersanto (Cooperativa Santo Antônio dos Anjos dos Criadores nos Campos Públicos de Laguna), participaram ativamente do manejo, conduzindo os bovinos a cavalo e apoiando toda a logística do trabalho em campo.

Além dos exames, foram feitas reposições de brincos, identificação, atualização de cadastros dos produtores e de seus respectivos animais, com a conferência rigorosa do inventário da propriedade. O objetivo é eliminar irregularidades, garantir rastreabilidade e reforçar o controle sanitário de acordo com o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal (PNCEBT).

“Esses espaços compartilhados reúnem centenas de produtores e milhares de animais. É uma situação específica de Laguna, Tubarão e Gravatal, que exige padronizar as ações da Cidasc junto às cooperativas. Cabe aos produtores a correta identificação dos animais, os registros oficiais de movimentação e a continuidade dos exames. À Cidasc, além de fiscalizar e orientar, cabe oferecer suporte técnico e tecnológico de acompanhamento”, destacou o gestor do Departamento Regional da Cidasc de Tubarão, Henrique da Silva Correa.
A parceria com a Coopersanto foi fundamental para o êxito da operação. Há 40 anos a cooperativa organiza o uso coletivo das áreas de pastagem, reunindo atualmente cerca de 160 associados e quatro mil cabeças de gado registradas, entre animais mantidos tanto em propriedades particulares quanto nos campos coletivos. A presidência e diretoria da cooperativa reforçaram os trabalhos, reforçando a importância da união entre cooperados e serviço veterinário oficial.


“Sempre cuidamos dos animais e estamos junto com a Cidasc fazendo esse saneamento. A brucelose faz a fêmea abortar no final da gestação e isso é uma grande perda para nós, porque aqui fazemos criação de terneiros, não engorda de gado”, avalia Donizete Nunes Goulart, vice-presidente da Coopersanto.
A experiência demonstra avanços em termos de organização sanitária e aponta para o futuro. O objetivo agora é expandir esse novo modelo de participação e tecnologia para os demais campos públicos da região de Tubarão e Laguna, fortalecendo a sanidade, a bovinocultura e gerando mais qualidade de vida para as famílias rurais.
Mais do que exames, a iniciativa simboliza um novo formato de defesa sanitária: tecnologia, cooperação e conscientização caminhando lado a lado em benefício do rebanho, da saúde pública e da produção sustentável.
Questão de saúde animal e de saúde pública

A brucelose e a tuberculose bovina são doenças zoonóticas, isto é, transmissíveis dos animais para os seres humanos. A brucelose, causada pela bactéria Brucella abortus, provoca aborto e queda na produção de leite em bovinos e bubalinos. Já a tuberculose, também causada por uma bactéria, tem como sinal clínico mais marcante o emagrecimento dos animais, tosse persistente e redução da produtividade leiteira.
Nos humanos, a contaminação pode ocorrer por meio do contato direto com animais infectados, ingestão de leite cru ou derivados não pasteurizados/não fervidos de animais contaminados, e no momento do abate ou manipulação da carne. Nas agroindústrias registradas em serviços de inspeção sanitária, um dos controles realizados é da procedência da matéria prima e além disso, há testagem do leite nos laticínios e verificação das carcaças nos abatedouros.
Prevenir essas doenças em rebanhos tem impacto direto na proteção da saúde pública: ao garantir animais saudáveis, reduz-se o risco de transmissão ao ser humano, assegurando produtos agropecuários mais seguros e impedindo a propagação das doenças no gado.
Certificação de propriedades livres é uma das ações mais efetivas

Como parte do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal (PNCEBT), a Cidasc promove a certificação voluntária de propriedades livres dessas doenças. O produtor solicita a abertura do processo no escritório da Cidasc em sua região, contratando um médico-veterinário habilitado (MVH) para conduzir os trabalhos em sua propriedade e fazer a testagem dos animais.

O critério para obtenção do certificado de propriedade livre de brucelose e tuberculose é a realização de exames com dois resultados negativos consecutivos (para ambas as doenças), realizados com intervalo entre 6 e 12 meses, além do controle no ingresso de animais. Após a certificação inicial, a renovação deve ser feita anualmente, com a apresentação de novos exames negativos.
O estado avançou muito nessa área: em 2024, foram registradas cerca de 3,5 mil propriedades certificadas como livres de brucelose e tuberculose. Além disso, Santa Catarina é o único estado brasileiro com classificação “A” para brucelose, em razão da baixa prevalência da doença, e também possui classificação A para tuberculose bovina.
Esses resultados refletem o sucesso das ações de vigilância, controle, diagnóstico, abate sanitário e indenização pelo Fundesa aos produtores, com repasse de R$ 13,2 milhões para a indenização de 4.935 animais abatidos.
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