Santa Catarina é uma grande potência na criação de suínos comerciais, mas há quem goste de criar esses animais por distração ou para sua alimentação. É a chamada criação de porco caipira, criação extensiva de suínos, criação tradicional de porcos ou criação de porco-banha.

Esse tipo de criação está presente na maioria das propriedades dos agricultores familiares, associada à sua subsistência, por meio do aproveitamento da banha e da carne, para atender o consumo familiar. 

Criar suínos para subsistência não é proibido, mas assim como as criações comerciais, essas também precisam seguir regras referentes a rastreabilidade, sanidade e bem estar animal para que não cause danos ao produtor que os cria e nem ao Estado de SC ou ainda ao País. Confira essas dicas:

Foto: Departamento Regional de Itajaí

1. Rastreabilidade e aquisição de animais:

Se for apenas para subsistência, bastam poucos animais. Os porquinhos podem ser adquiridos de alguma propriedade vizinha para baratear gastos com frete, mas sempre acompanhados da guia de trânsito animal (GTA) que, neste caso, não possui nenhum custo e deve ser solicitada via internet (www.sigen.cidasc.sc.gov.br) ou em um dos escritório de apoio ao produtor.

O importante é escolher suínos de boa qualidade genética, pois são mais produtivos. Verifique se são livres de doenças. Para não errar, procure um produtor de confiança e com granja cadastrada. 

Atualize seu cadastro de produtor na CIDASC e mantenha o saldo de animais sempre em dia, informando os nascimentos e mortes regularmente, e dando entrada nas GTAs dos animais que adquirir.

2. Estrutura:

Para este tipo de criação, pode-se aproveitar as estruturas já existentes, geralmente com pequenas modificações, necessitando de baixo investimento. 

De preferência, os galpões devem estar a leste-oeste, posição que permite melhor ventilação e menos incidência de raios solares. Com o auxílio de um termômetro, assegure a temperatura interna em 16 graus. 

 O terreno deve ter área plana ou com um pouco de declive. Nas instalações, opte por piso de concreto sem que seja muito liso nem muito áspero, ou então piso ripado. No entorno, mantenha um gramado aparado. 

A criação dos suínos deve ser feita em local separado de outras criações, não misturando os porcos com outras espécies no mesmo ambiente, para a sanidade e próprio bem-estar dos suínos. Galinhas devem ficar no galinheiro, cães afastados dos suínos, gatos bem longe e ratos nem pensar. 

É importante também que a instalação seja bem protegida contra a invasão de outras espécies, sobretudo javalis e javaporcos. Para isso, invista em barreiras físicas como cercas de proteção bem reforçadas. Os javalis ou javaporcos são animais selvagens ou asselvajados, capazes de percorrer longas distâncias atrás de comida e de fêmeas no cio. Além dos prejuízos causados pela destruição de lavouras, danos à flora e fauna, podem transmitir doenças aos suínos e seres humanos. A criação de javalis e javaporcos é proibida por lei e a cruza com animais de subsistência pode colocar sua criação em risco.

Realize um controle de moscas e roedores. As moscas e os roedores são problemas comuns em criações de suínos pela fartura de alimento, pela presença de água e pela oferta de abrigo. Os ratos, em especial, podem causar grandes prejuízos, pois consomem ração, contaminam o restante não consumido e são veiculadores da leptospirose, que pode ser fatal aos suínos e aos humanos.

3. Manejo sanitário:

Manter os mangueiros secos, sem áreas úmidas e/ou alagadiças. Evite o acúmulo de esterco. Proceder a rigorosa limpeza dos chiqueiros diariamente e a desinfecção, periodicamente e quando da saída dos animais.

Procurar manter os “abrigos” e as demais instalações da criação livres de piolhos, bichos-de-pé e outros ectoparasitas, utilizando, se necessário, periodicamente, produtos específicos no combate.

Administrar vermífugo aos animais periodicamente.

Não introduzir animais de fora no rebanho, sem conhecer sua origem e sanidade. Caso haja algum problema, não hesite em chamar um veterinário. Acompanhe o programa de aplicação de vacinas da secretaria de agricultura da região ou a recomendação do médico veterinário de sua confiança.

Isolar todo e qualquer animal que demonstre sinais compatíveis com doenças de notificação obrigatória, notificando imediatamente a Cidasc ao perceber:

  • alta mortalidade (vários animais morrendo); 
  • apatia (animais parados, tristes);
  • lesões hemorrágicas na pele (manchas avermelhadas);
  • cianose (manchas arroxeadas) em orelhas, membros, focinho e cauda;
  • paresia (diminuição dos movimentos, perda da força) dos membros posteriores;
  • ataxia (dificuldade de manter coordenação motora, de se manter em equilíbrio);
  • convulsão (ataques);
  • hipersalivação (babeira);
  • sinais clínicos de problemas respiratórios (secreção nasal, pneumonia,…) e reprodutivos (abortos, repetição de cio, leitões fracos); 
  • febre (animais amontoados, com frio).

O bom controle do manejo é outro meio de obter animais com carne de qualidade. 

4. Acesso a água de qualidade

  É muito importante que os animais tenham acesso a bebedouros com água potável, para que tenham saúde e atendam às condições de bem-estar animal.

Fornecer e manter água fresca e de boa qualidade a todos os animais do plantel, diariamente. Evitar águas estagnadas perto das instalações.

5. Alimentação

A alimentação representa aproximadamente 70 a 80% dos custos de produção. Os suínos gostam de comer grãos, como milho e soja. Outros alimentos também podem ser fornecidos, exceto os fibrosos. Compradas em lojas agropecuárias, as rações balanceadas devem acompanhar cada fase de vida dos animais, pois contêm formulações adequadas para as necessidades diárias de ingredientes para as diferentes etapas de desenvolvimento. 

Alimentos alternativos energéticos devem ser usados, os quais, além de propiciar um bom desempenho produtivo e reprodutivo, reduzem o custo de alimentação, resultando, assim, em menor custo de produção São eles: 

Para produção de forragens, recomenda-se o plantio de gramíneas e leguminosas. As gramíneas mais utilizadas são estrela-africana, quicuio, triffiton, coast cross, grama-de-burro, etc. As gramíneas para corte mais utilizadas são as diversas variedades de capim-elefante. Já as leguminosas mais utilizadas são soja grão, soja perene, guandu, mucuna-preta, etc. Elas constituem excelente fonte de proteína para os suínos. Podem ser utilizadas na forma verde ou em grãos. Outras forrageiras podem ser usadas, como: rami, confrei, bananeira, etc.

Outros alimentos utilizados são:

  • Milho: É o principal grão usado na alimentação dos porcos. É rico em energia, mas pobre em proteína. Deve ser fornecido sempre na forma de fubá.
  • Mandioca: É também um alimento energético, pobre em proteína. Pode ser oferecida aos suínos na forma de farinha, raspa, integral (picada com casca e seca ao sol) e ensilada.
  • Cana-de-açúcar: É um alimento energético, pobre em proteína. Pode ser oferecida aos porcos, picada em toletes de 40 a 60 cm, mas as sobras devem ser retiradas no dia seguinte, já que os porcos só consomem o caldo da cana. A cana-de-açúcar também pode ser utilizada moída, na forma de caldo ou garapa e, para isso, deve ser cortada e estocada, no máximo, por três a quatro dias, e a moagem deve ser feita no momento de fornecer o caldo aos animais, duas vezes ao dia. O caldo de cana deve ser fornecido à vontade, em cocho separado. A sobra de um dia para o outro deve ser eliminada, e os cochos, lavados, visando evitar os distúrbios digestivos dos animais causados pela fermentação da sobra do produto.
  • Farelo de soja: associado ao milho, é a principal fonte de proteína para compor as rações de suínos. Possui de 43 a 48% de proteína bruta. Sua utilização em torno de 10% ou mais na ração traz grandes benefícios aos animais. Para ser usado na criação de porcos, como atividade de subsistência, deve-se considerar sua disponibilidade, qualidade e a relação custo/benefício.
  • Soro de leite: É um subproduto da fabricação de queijo, comumente encontrado nas pequenas propriedades rurais. Para sua utilização é necessário adaptar os animais ao consumo do soro, aumentando aos poucos a quantidade para prevenir a ocorrência de distúrbios digestivos.

Os minerais podem ser fornecidos por meio da ração ou ser colocados em cochos separados, à disposição dos animais

Atenção: É proibido alimentar suínos com restos de alimentos, sejam sobras de casa ou de locais que preparam e comercializam refeições, como restaurantes e lanchonetes. Esta medida é para preservar a sanidade animal e evitar a transmissão de doenças para os porcos. O risco existe principalmente quando os resíduos contêm proteína animal.

A alimentação deve ser fornecida em horários preestabelecidos. 

Limpe os comedouros diariamente para evitar a fermentação de restos, que podem provocar diarréia nos suínos.

6. Bem estar:

Bem-estar animal é a indicação de como um animal está lidando com as condições em que vive. Um animal está em bom estado de bem-estar se estiver saudável, confortável, bem nutrido, seguro, for capaz de expressar seu comportamento inato, e se não estiver sofrendo com estados desagradáveis, tais como dor, medo e angústia. Bem-estar animal requer prevenção de doenças e tratamento veterinário, abrigo, manejo e nutrição apropriados, manipulação e abate ou sacrifício humanitários.

Não importa o tamanho da criação, precisamos continuar criando animais respeitando as legislações e regras de bem estar animal. Faça a sua parte para que Santa Catarina continue sendo excelência em tudo que faz.

Mais informações à imprensa:
Assessoria de Comunicação – Cidasc
Fone: (48) 3665 7000
ascom@cidasc.sc.gov.br
www.cidasc.sc.gov.br
www.facebook.com/cidasc.ascom