A Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina – Dive, vinculada à Superintendência de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde – SES, informa que foi confirmado pelo Laboratório Instituto Pasteur – IP o diagnóstico laboratorial de raiva para o óbito de uma paciente de 58 anos, residente em área rural do município de Gravatal, ocorrido no último sábado (4 de maio).

Foto: Claudio Todeschini

As amostras foram encaminhadas para São Paulo pelo Laboratório Central de Saúde Pública – Lacen. Santa Catarina não registrava casos de raiva em humanos desde 1981, quando um paciente de Ponte Serrada foi vítima da doença. Já os últimos casos de raiva animal foram registrados em 2006, nos municípios de Xanxerê (um cão e um gato), Itajaí (um cão), e em 2016, em Jaborá (um cão).

Técnicos da Dive estiveram nesta segunda-feira, 6, no município e Tubarão reunidos com a Gerência Regional de Saúde, a Secretaria Municipal de Saúde de Gravatal e Capivari de Baixo, Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina – Cidasc e a Unisul para o desenvolvimento de ações, conforme o protocolo do Ministério da Saúde, considerando que Santa Catarina é área controlada para raiva animal no ciclo urbano.

As ações envolvem a vacinação casa a casa de cães e gatos em um raio de cinco quilômetros a partir da residência da paciente, bem como busca ativa de animais doentes e mortos e orientação à população. “Além disso, se a pessoa for agredida por um cão ou qualquer outro animal, é muito importante que procure um serviço de saúde mesmo se o ferimento não for grave, pois pode haver a necessidade de tomar a vacina contra a raiva”, afirma João Fuck, gerente de Zoonoses da Dive.

A vacinação de todos os cães e gatos é a forma mais eficaz de proteção contra a doença. A ação está prevista para começar dia 9 de maio, quinta-feira. A população de Gravatal e Capivari de Baixo podem procurar por informações mais detalhadas sobre a ação diretamente na Secretaria Municipal de Saúde. A Dive já solicitou 10 mil doses de vacina antirrábica para o esquema de vacinação. Segundo a médica veterinária da Dive, Alexandra Schlickmann Pereira, a população deve ficar atenta ao comportamento estranho dos seus animais de estimação. “Qualquer alteração de comportamento como inquietação, aumento de agressividade, paralisias dos membros e fotofobia (medo da luz) deve ser observada e comunicada para a Secretaria Municipal de Saúde”, alerta.

Raiva humana

A raiva é uma doença transmissível que atinge mamíferos como cães, gatos, bois, cavalos, macacos, morcegos e também o homem, quando a saliva do animal infectado entra em contato com a pele ou mucosa por meio de mordida, arranhão ou lambedura do animal. O vírus ataca o sistema nervoso central, levando à morte após pouco tempo de evolução. A raiva não tem cura estabelecida (há apenas três casos de cura conhecidos no mundo, um deles no Brasil) e a única forma de prevenção é por meio da vacina.

O animal doente elimina o vírus da raiva pela saliva, por isso não devemos colocar a mão na boca de cavalos ou bovinos que estejam com dificuldade de locomoção e/ou salivação intensa. Usualmente, a doença é transmitida através da mordida do animal infectado, mas o simples contato entre saliva e feridas abertas, mucosas e arranhões também propaga o vírus.

Morcegos

Os morcegos hematófagos são os principais hospedeiros do vírus da raiva por via aérea na América do Sul, portanto, mantenha sempre distância de morcegos mesmo que estejam imóveis e aparentemente mortos. O morcego hematófago da espécie Desmodus rotundus é o maior responsável pela transmissão da doença entre herbívoros.

O médico veterinário e responsável pelo Programa de Controle da Raiva dos Herbívoros, Fábio de Carvalho Ferreira, ressalta que as demais espécies de morcegos hematófagos e não hematófagos são protegidos por lei e seu manejo e controle caracteriza crime ambiental. Por isso, somente profissionais capacitados, do Serviço Veterinário Oficial – SVO, devem intervir em colônias de morcegos em área de risco para a raiva, porque são capazes de diferenciar as espécies de morcegos em um abrigo”.

Em caso de acidente com um desses animais procure um hospital ou posto de saúde mais próximo, relate o ocorrido e exija o tratamento adequado.

Para ajudar no controle da raiva

– Vacine seu rebanho contra a raiva;

– Informe ao escritório da Cidasc mais próximo sempre que seus animais ficarem doentes e apresentarem dificuldade para caminhar, se alimentar, e/ou agressividade

– Caso seus animais tenham marcas de mordedura causada pelo morcego hematófago, comunique a Cidasc, mesmo que não estejam doentes;

– Avise ao médico veterinário da Cidasc se souber de algum local que possa abrigar morcegos hematófagos, tais como, cavernas; grutas; ocos de árvore; túneis; bueiros; passagem sob rodovias, cisternas e poços; casas e construções abandonadas.

ATENÇÃO! Nunca tente capturar um morcego, chame um profissional capacitado para removê-lo adequadamente.

Programa de Controle da Raiva dos Herbívoros em Santa Catarina

O PCRH em Santa Catarina tem como estratégias de atuação o controle da população de transmissores (morcegos hematófagos da espécie Desmodus rotundus); a vacinação dos herbívoros domésticos em situações específicas; a vigilância epidemiológica; o monitoramento sistemático e cadastramento de abrigos de morcegos e a educação em saúde e capacitação dos profissionais do Serviço Veterinário Oficial – SVO. Para conferir a página do programa, acesse o link.

Fonte: Governo do Estado Santa Catarina.

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