A Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina – Epagri, a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina – Cidasc e Diretoria de Vigilância Epidemiológica – Dive, realizaram na segunda-feira (8) o primeiro Seminário sobre Tuberculose e Brucelose, no município de Bom Retiro. O evento, que visa debater os principais desafios no controle e na erradicação das duas doenças, reúne produtores de leite e de carne, entidades de classe e órgãos oficiais, tendo em vista que essas doenças atingem diretamente os animais causando muitos danos à produção agropecuária. A Escola de Ensino Médio Valmir Omarques Nunes sediou o evento e contou com apoio da Secretaria Municipal de Agricultura de Bom Retiro.

Foto: Rides Campos Ferreira

No mundo, a tuberculose é a doença infectocontagiosa que mais provoca mortes em humanos. Em 2016, foram relatados 10,4 milhões de casos, que ocasionaram 1,6 milhões de óbitos. Já no que refere à brucelose humana, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada ano são diagnosticados cerca de 500 mil casos no mundo, a maioria com origem em animais.

Dividida em dois painéis, a programação abordou o Programa Estadual de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Bovina, ministrado pela médica veterinária da Cidasc Karina Diniz Baumgarten e a Situação da Brucelose Humana ministrado pela médica veterinária Alexandra Schlickmann Pereira.

Durante os painéis, também foram debatidas as responsabilidades dos médicos-veterinários e as dificuldades na execução dos testes, os critérios para habilitação dos médicos-veterinários, testes laboratoriais e novas técnicas de diagnóstico. A explanação também tratou da temática dos incentivos do governo de Santa Catarina para o controle da erradicação da brucelose e da tuberculose.

Para o gestor do Departamento Regional da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina – Cidasc de São Joaquim, Rides de Campos Ferreira, discutir o impacto e consequências socioeconômicas relacionadas a tuberculose e brucelose animal e humana, e construir ações conjuntas para o desenvolvimento do setor agropecuário catarinense, tem sido um dos objetivos da Cidasc. “As medidas de erradicação da Brucelose e Tuberculose das propriedades visam não somente a saúde dos animais, mas também a saúde do produtor, de seus familiares, trabalhadores da propriedade e dos consumidores dos produtos de origem animal”, destaca Rides.

Sobre as doenças – Brucelose

A brucelose é uma doença causada pela bactéria Brucella abortus e pode ocasionar aborto e queda na produção de leite. Ela ataca animais machos e fêmeas.

Muitos animais contraem a doença quando comem ou lambem restos de placentas no pasto, visto que, quando a vaca sofre o aborto, a Brucella pode permanecer viva por cerca de seis meses no solo e pastagem. A transmissão também pode acontecer durante a monta natural, ou na inseminação com material ou sêmen contaminado.

O ser humano pode contrair a brucelose, assim como os animais, quando entra em contato direto com os restos de aborto ou placenta. Além disso, o consumo de leite cru e derivados contaminados pela bactéria também podem acometer o homem.

Como perceber

Alguns sintomas podem auxiliar o produtor na identificação da doença entre os animais da propriedade, entre eles: Aborto no 7º mês de gestação, principalmente nas primeiras crias; Queda de produção de leite; Nas fêmeas pode ocorrer retenção de placenta, repetição de cio e até infertilidade; Nos machos, observa-se o inchaço dos testículos.

Contudo, animais doentes podem não apresentar os sintomas listados acima. Portanto, é importante realizar exames em todos os animais da propriedade.

Prevenção

Ações conjuntas e alguns cuidados básico podem, a longo prazo, auxiliar na erradicação da brucelose dos rebanhos catarinenses.

– É importante comprar apenas animais que tenham exame negativo para brucelose, ou de rebanhos lives da doença e com a Guia de Trânsito Animal – GTA.

– Utilizar touros de monta que tenham exame negativo para brucelose.

– Realizar a inseminação artificial somente com material de locais que garantam a segurança contra a doença.

– Fazer testes periódicos no rebanho, para conhecer a saúde dos animais.

– Lavar as mãos após manejar os animais.

– Sempre usar luvar para mexer nos fetos abortados e placentas com infecção.

– Queimar o feto abortado e a placenta, em seguida, desinfetar o local do aborto.

– Sempre ferver o leite antes de beber.

Tuberculose

A Tuberculose é uma doença que atinge, principalmente, os bovinos e bubalinos e pode causar emagrecimento, tosse e queda na produção de leite. É comum a condenação de carcaça em abatedouros por achados de lesões sugestivas de tuberculose. A doença pode atingir outras espécies de animais, inclusive o homem.

A contaminação nos animais se dá de várias formas, seja pelo contato direto quando os animais se lambem, contato com a água e alimento contaminado por animal doente, quando o animal doente tosse perto de outro sadio, durante alimentação no cocho por contato direto e alimentação com soro de leite contaminado, pois o terneiro pode se contaminar ao mamar ou ao receber leite de outra vaca doente.

Para saber se os animais estão doentes, é preciso ficar atento a alguns detalhes, como a diminuição de produção leiteira nas fêmeas, tosse constante e resistente a tratamentos, além do emagrecimento na fase final da doença.

Suspeita da doença

Quando houver suspeita da doença, o produtor deve procurar um médico veterinário habilitado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa para realizar exames de tuberculose. Os escritórios da Cidasc possuem a lista dos nomes e contatos dos médicos veterinários habilitados.

O exame é feito mediante a realização de duas visitas de um mesmo médico veterinário à propriedade. No primeiro dia, é feita uma inoculação no animal, depois de 3 dias, ocorre a segunda visita para fazer a leitura da reação em cada animal por meio de um equipamento apropriado.

Contaminação humana

A contaminação nos humanos se dá com contato direto com animais doentes, ao tomar leite cru ou comer queijo contaminado e ao abater/carnear animais com a doença.

Os principais sintomas nos humanos são tosse constante por mais de 3 semanas, emagrecimento, cansaço excessivo, febre baixa (geralmente à tarde) e sudorese noturna.

Como evitar a doença

Só compre animais que tenham exame negativo para Tuberculose, faça exames de Tuberculose em todo o rebanho para conhecer a situação de saúde dos animais, lave sempre as mãos após lidar com seus animais, ferva sempre o leite antes de beber ou de oferecer para algum animal e não alimente cães e gatos com leite cru, eles podem manter a doença na propriedade.

Não há vacina nem tratamento para animais com tuberculose. Os animais positivos devem ser sacrificados e os produtores podem solicitar indenização ao Fundesa.

Mais informações à imprensa:
Assessoria de Comunicação – Cidasc
Fone: (48) 3665 7000
ascom@cidasc.sc.gov.br
www.cidasc.sc.gov.br
www.facebook.com/cidasc.ascom