Melhorar a digestibilidade dos suínos, aumentando o ganho de peso e acrescer o desempenho sem gastar muito é um dos principais objetivos do suinocultor. Esta é a ideia dos alfa-monoglicerídeos, uma classe de glicerídeos composta por uma molécula de glicerol e um ácido orgânico unidos através de uma ligação de alta estabilidade química em uma posição específica do glicerol, chamada de posição alfa. Segundo o médico veterinário Fernando Toledano, os alfa-monoglicerídeos são reconhecidos pela alta atividade antimicrobiana e pela capacidade de agir sobre bactérias e vírus envelopados independente do pH do meio onde se encontram.
Toledano explica que os alfa-monoglicerídeos podem ser considerados uma evolução dos ácidos orgânicos, já que possuem na composição os ácidos orgânicos e atuam de forma muito parecida dentro das bactérias. “Porém, a semelhança para por aí”, afirma. De acordo com o especialista, os ácidos orgânicos convencionais dependem do pH do meio para manterem seu estado ativo (não dissociado) e, portanto, possuem uma ação limitada no controle de bactérias presentes na luz intestinal. “Já os alfa-monoglicerídeos mantêm sua forma ativa (não dissociada) independente do pH do meio, atuando assim em toda a extensão do trato digestivo. Além disso, os alfa-monoglicerídeos possuem uma atividade antimicrobiana 30 a 100 vezes superior aos ácidos orgânicos”, destaca.
O médico veterinário explica que os alfa-monoglicerídeos são aditivos nutricionais e podem ser utilizados na ração ou água de bebida dos suínos, tanto para leitões, fêmeas em lactação, bem como em toda a fase de crescimento. “Há duas indicações principais no uso dos alfa-monoglicerídeos em suínos. Uma no período de creche e outra na fase de crescimento/terminação”, sugere Toledano. Ele esclarece que na fase de creche o objetivo do uso dos alfa-monoglicerídeos é a prevenção e controle das diarreias pós-desmame. “Neste caso, o uso do alfa poderá substituir os antibióticos promotores de crescimento, tal como a colistina e também alguns aditivos nutricionais, normalmente utilizados no período, como probióticos, prebióticos e acidificantes”, diz. Já para o uso dos alfa-monoglicerídeos na fase de crescimento e terminação está direcionado ao controle das disenterias, normalmente associada à presença de agentes gram positivos e intracelulares.
O especialista conta que devido à alta atividade antimicrobiana e antiviral e capacidade de se manter na forma ativa independente do pH do meio, os alfa-monoglicerídeos atuam na redução da contaminação microbiológica no trato digestivo e, com isso, melhoram a saúde intestinal dos suínos. “Consequentemente, uma melhor eficiência na digestão e aproveitamento dos alimentos”, informa. Além disso, Toledano destaca que devido à alta eficiência dos alfa-monoglicerídeos no controle de doenças entéricas nos suínos e considerando a possibilidade de substituição de antibióticos e aditivos nutricionais de foco entérico, o uso da nova tecnologia pode trazer benefícios diretos e indiretos para a produção. “Algumas das vantagens diretas são a redução de custo de alimentação e melhor desempenho dos animais; e as indiretas são a redução do nível de resistência aos antibióticos no plantel”, destaca.
Antibióticos
Toledano explica ainda que os alfa-monoglicerídeos auxiliam na substituição dos antibióticos na suinocultura de forma segura e sustentável. Ele comenta que diferente do que já é observado em outros países europeus, no Brasil ainda é permitido o uso de antibióticos em larga escala, seja como promotores de crescimento ou como terapêuticos. “Entretanto, o uso de aditivos nutricionais não antibióticos, tais como acidificantes, probióticos, prebióticos, entre outros, tem aumentando nos últimos anos por dois motivos principais: o uso em larga escala dos antibióticos tem gerado um alto nível de resistência bacteriana a campo e a busca por alternativas que controlem as doenças é imediata; e a pressão do mercado consumidor por alimentos mais saudáveis e com menor risco de contaminação por antibióticos”, explica.
O médico veterinário ainda comenta que dentre os aditivos nutricionais presentes no mercado brasileiro, os alfa-monoglicerídeos são os que oferecem atualmente ao setor suinícola uma opção eficiente no controle antimicrobiano. “Portanto, com a chegada dos alfa-monoglicerídeos houve uma contribuição muito grande no caminho da substituição dos antibióticos de forma segura e sustentável, já que não há relato de formação de resistência das bactérias contra os alfa-monoglicerídeos”, finaliza.
Fonte: O Presente Rural.