O inverno se aproxima e com ele algumas doenças oportunistas que podem causar sérios prejuízos para a avicultura. Baixas temperaturas e oscilações acentuadas estão fortemente correlacionadas com surtos de síndrome ascítica e de morte súbita, sendo apontados como fatores que aumentam a taxa metabólica e a demanda de oxigênio da ave, responsáveis pelo aparecimento desses surtos.

Baixas temperaturas exigem maior demanda de oxigenação para que a ave mantenha a temperatura corporal, o que acarreta hipertensão pulmonar, falha cardíaca e congestão passiva generalizada, que culmina com o extravasamento de líquido na cavidade abdominal. Na morte súbita, esse processo é mais rápido, determinando dilatação cardíaca, hidro pericárdio, desfibrilação ventricular, causando uma síncope cardíaca e morte.

Foto: Jamil Correia da Silva Junior

O controle tanto da ascite como da morte súbita baseia-se em reduzir todas as condições que predisponham as aves a um quadro de deficiente oxigenação. Para tanto, recomenda-se os seguintes cuidados:

1 – Adquirir pintos de boa qualidade;
2 – Alojar, preferencialmente, machos e fêmeas separadamente;
3 – Evitar alojamento de machos em locais de elevada altitude (inferior a 1.500 metros);
4 – Evitar o excesso de poeira no aviário, mantendo adequada ventilação;
5 – Não estimular excessivamente o crescimento corporal das aves nas duas primeiras semanas de vida;
6 – Observar os níveis de Sódio na dieta. A cloração da água não deve superar a adição de 3ppm de hipoclorito de sódio;
7 – Utilizar rações menos energéticas nas regiões em que há alta incidência da SA, no período de 8 a 21 dias de idade dos pintos;
8 – Utilizar programas de restrição nutricional. É necessário, porém, avaliar o custo-benefício desejado, pois essas medidas acarretam menor desempenho do lote;
9 – Manter uniforme e adequada a temperatura interna do aviário, principalmente durante as três primeiras semanas de vida das aves. Evitar amplitude superior a 2°C, ou seja, a temperatura ambiente junto aos pintinhos na primeira semana deverá ser de 32°C, reduzindo-se 3°C a cada semana até atingir 20° C na quinta semana de vida;
10 – Abater os lotes mais cedo durante os períodos de maior incidência de ascite;
11 – Implantar cuidados de biosseguridade na produção para prevenir a introdução de enfermidades;
12 – Evitar situações de estresse para as aves durante as práticas de manejo.
13 – O controle das rações para impossibilitar umidade deve ser observado para evitar as micotoxinas.

Bronquite Infecciosa
O frio também propicia a instalação de agentes que causam a bronquite infecciosa. Essa enfermidade não responde a antibiótico, portanto, faz-se necessário prevenir com vacinação do plantel, cujo programa inicia ainda no incubatório, e manter um manejo cuidadoso, evitando adensamento no aviário, mantendo ventilação adequada sem descuidar da temperatura.

Controle Térmico do Ambiente
O desempenho térmico dos aviários no período do frio pode ser melhorado com o uso de isolantes sob as telhas, como o poliuretano, poliestireno, mantas térmicas, lã de vidro ou similares. A utilização de cortina dupla e de estufa, que consiste de cortinas instaladas nas laterais e na parte superior da área destinada ao alojamento dos pintos, tem se mostrado eficiente na retenção de calor emitido pelos sistemas de aquecimento e redução da mortalidade por ascite.

O uso de forro também melhora o conforto térmico das aves nesse período, reduzindo a amplitude térmica no galpão. Esse atua como segunda barreira física, a qual permite formação de camada de ar junto à cobertura e reduz o volume de ar a ser aquecido.

É bom reforçar que, antes do alojamento, a temperatura ambiente deve estar dentro da zona de conforto das aves, que nos primeiros dias está entre 32 a 35oC. Para a manutenção dessa temperatura, o avicultor vai necessitar da instalação de sistemas de aquecimento. Veja mais algumas dicas:

1 – O avicultor deve dispor de sistema de aquecimento com potência calorífica adequada e número suficiente para suprir a diferença existente entre a temperatura ideal para os pintos e a temperatura ambiente;
2 – O aviário deve estar com a temperatura do ar na região de conforto térmico dos pintos antes da chegada dos mesmos;
3 – O sistema de aquecimento deve permanecer instalado e em condições de uso para qualquer emergência. No inverno não se deve tirar totalmente o aquecimento antes do 21o dia;
4 – Deve haver ventilação controlada do tipo higiênica, por meio de aberturas altas de forma que o fluxo de ar se desloque na região superior do aviário evitando o efeito direto sobre as aves;
5 – Reduzir o volume de ar a ser aquecido com a utilização de cortinas nas laterais e na parte superior do aviário formando o pinteiro;
6 – Utilizar materiais com maior capacidade de isolamento térmico e forro no aviário;
7 – A temperatura da água deve estar em torno de 20oC, lembrando que o consumo de água é determinante do consumo de ração;
8 – Adotar programa de luz para regular o consumo de ração das aves;
9 – A temperatura do ar deve ser monitorada por meio de termômetro.

Comportamento das aves
O comportamento da ave é um bom indício do funcionamento adequado do sistema de aquecimento. Quando há afastamento das aves da fonte de calor, isso indica excesso de calor emitido pelo sistema. Quando há aglomeração das aves em determinado local, é indicativo de corrente de ar.

Se existe muita aglomeração, isso é indício da necessidade de mais aquecimento. Como condição ideal de comportamento, as aves devem permanecer uniformemente distribuídas na região de aquecimento. Se apresentarem asas e pescoço estendidos ou bicos abertos é sinal de aquecimento elevado.

Fonte: aviNews Brasil.