A partir de agora, 18 estabelecimentos citados em investigação da Polícia Federal terão a presença de auditores fiscais agropecuários, anunciou o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, ao deixar reunião no Palácio do Planalto, ontem, 19, com o presidente Michel Temer, ministros de governo e embaixadores de países importadores de carne brasileira. “Nada sairá desses frigoríficos sem autorização expressa de nossos auditores, que trabalharão em regime de rodízio”, explicou o ministro, acrescentando que a medida se soma à interdição de outros três frigoríficos, já ocorrida na última sexta-feira, 17, data da Operação Carne Fraca.
A embaixadores, Maggi disse que “transparência é o melhor remédio nessa hora. Não se pode fazer absolutamente nada que não seja transparente, comunicar ao mercado tudo o que vem acontecendo e fazer as alterações que precisam ser feitas”. Na entrevista, o ministro anunciou que divulgaria a lista de empresas citadas na Operação Carne Fraca, para onde exportaram nos últimos 60 dias, em quais mercados chegaram e os produtos comercializados. “No levantamento inicial que fizemos, pouquíssimas empresas, entre as envolvidas no inquérito, exportaram nesse período”.
Outra iniciativa, disse o ministro, será o trabalho conjunto com a Polícia Federal. “A investigação terá amparo técnico, o que não houve até agora”. Blairo Maggi observou que não há laudos dos produtos que foram mencionados na investigação. “Quero crer que investigação terá, agora, outro rumo, aliado à ciência e ao conhecimento que temos”, informou.
“Estamos sendo rigorosos, efetivos e rápidos, sem passar a mão na cabeça de quem faz coisa errada”, disse o ministro, mas ressaltou que “99% dos produtores fazem a coisa certa”. O ministro também fez questão de explicar que houve problemas com o que chamou de narrativa do inquérito. “Sobre papelão, está claro, no áudio, que estão falando de embalagem e não de misturar na carne”.
Afirmou também que o uso de ácido ascórbico (vitamina C) e de carnes da cabeça de suínos são usados em embutidos, que isso consta nas normas do ministério, dentro de limites estabelecidos no mundo todo.
Blairo Maggi se referiu ainda a preocupação com a qualidade dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros e nos países importadores. “Estamos trabalhando fortemente para resolver esse assunto”. Lembrou que depois de sua chegada ao ministério editou portaria exigindo que a substituição de fiscais nos estados seja atribuição da Secretaria de Defesa Agropecuária e não mais de superintendentes regionais.
O Brasil é grande exportador de alimentos, detendo 7% do mercado mundial do agronegócio, observou Blairo Maggi. E a mesma inspeção a que os produtos são submetidos no país também ocorre no exterior, atestando padrões e a qualidade do trabalho feito por nossos fiscais, destacou, tratando o desvio de conduta de servidores, já exonerados, como minoria no universo de 11 mil funcionários do Mapa.
Em uma primeira reunião participaram presidentes de entidades do setor como da ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), Antonio Camardelli, da ABPA (Associação Brasileira da Proteína Animal), Francisco Turra, além do presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), João Martins. Além de Blairo Maggi, estiveram os ministros, Moreira Franco (Secretaria Geral da Presidência) e Marcos Pereira (Indústria e Comércio Exterior) e o presidente da Apex, Roberto Jaguaribe.
Na segunda reunião, Temer e os ministros conversaram com embaixadores de países importadores de carne do Brasil. No fim do encontro, para atestar a confiança no consumo de carnes, o presidente da República acompanhou ministros e embaixadores a uma churrascaria da capital federal.
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