A expectativa de uma safra recorde de grãos este ano levou economistas a apostarem no agronegócio como a salvação para que a economia brasileira não amargue o terceiro ano sem crescimento em 2017. De acordo com o Banco Santander, o setor, que engloba além da agropecuária, insumos, agroindústria e serviços ligados a essa cadeia, deve ser responsável por metade do magro crescimento econômico previsto para o país em 2017, de 0,7% nas contas do banco (o mercado espera 0,5%). O Produto Interno Bruto – PIB do agronegócio, que representa quase um quarto (22%) do PIB nacional, deve crescer 2%, quase três vezes mais, segundo a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA. Só o PIB agropecuário, que tem peso menor na economia, de 5%, deve crescer 4,2% este ano, depois de cair 6 % em 2016, segundo projeções do Santander.
Segundo Rodolfo Margato, economista do Santander, o agronegócio será o grande destaque positivo em relação aos outros setores da economia em 2017. De acordo com ele, o PIB da indústria deve crescer 1,3%, respondendo por um quarto da expansão da atividade do país, enquanto a agropecuária responderá por 35% do desempenho da economia. “O setor tem peso relativamente baixo, mas quando se olha todo o encadeamento, a contribuição é muito significativa, destoando dos demais setores”, afirmou o economista.
Luis Otavio Leal, economista-chefe do Banco ABC, ressalta que os efeitos do bom desempenho da agropecuária vão se espalhar, beneficiando outros setores: A venda de tratores vai dar sustentação à parte de veículos automotores, o segmento petroquímico ligado a adubos e fertilizantes e todo o comércio ligado às regiões mais dinâmicas em termos de agricultura serão beneficiados. A salvação da lavoura deste ano vai ser o PIB agrícola e suas ramificações.
O clima vai ajudar na recuperação da produção agrícola que, diferentemente de 2016, terá chuvas mais regulares e o avanço do plantio dentro do calendário previsto. No ano passado, a safra de grãos teve sua maior queda em seis anos, ficando em 186 milhões de toneladas, devido à forte seca ou ao excesso de chuvas causadas pelo fenômeno El Niño, que prejudicou lavouras de diferentes regiões do país.
A Companhia Nacional de Abastecimento – Conab estima que serão colhidas 213,1 milhões de toneladas de grãos este ano, um crescimento de 14,2% ou 26,5 milhões de toneladas em relação à safra anterior. Um recorde histórico para o país. Segundo o superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi, culturas de peso no agronegócio, como soja, milho, algodão, arroz e feijão deverão recuperar produção e área plantada.
Fonte: O Globo.