Levar a tecnologia cada vez mais para perto do sistema produtivo, viabilizando soluções capazes de gerar melhorias de produtividade, redução de custos e atendimento às exigências do mercado consumidor. Essa é a essência da chamada zootecnia da precisão, área que cresce significativamente no país. Ao aplicar a computação para avaliar o conforto térmico em recintos de produção animal, a dissertação de Mestrado de Arilson José de Oliveira Júnior, defendida junto o Programa de Pós-Graduação em Agronomia – Energia na Agricultura – da Faculdade de Ciências Agronômicas – FCA da Universidade Estadual Paulista – Unesp, câmpus de Botucatu, é um exemplo de pesquisa que utiliza a zootecnia de precisão.
Orientado pela professora Silvia Regina Lucas de Souza, do Departamento de Engenharia Rural da FCA, que atua na área de zootecnia de precisão há mais de 15 anos, Arilson desenvolveu um aplicativo para smartphone e tablet que mede e avalia os índices de conforto térmico nos recintos dos animais de produção. Os equipamentos disponíveis no mercado utilizados para fazer as medições de conforto térmico são caros e inacessíveis aos pequenos produtores. A grande novidade no equipamento desenvolvido por Arilson é o seu baixo custo. “Os equipamentos comerciais que existem coletam e armazenam dados durante um longo período. Mas não são baratos. O pequeno produtor não tem esses recursos disponíveis e ele precisa de suporte para alavancar suas atividades”, comenta o pós-graduando.
Para validar os equipamentos que desenvolveu, Arilson realizou testes nos setores de produção da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Unesp, com autorização dos docentes da área de Zootecnia. Os resultados obtidos foram positivos. Instalado no smartphone ou no tablet, o aplicativo faz o cálculo dos índices de conforto térmico, na forma determinada pelo usuário. “O usuário pode inserir os dados manualmente ou de forma automatizada. Se for manualmente, é só escolher o animal listado no aplicativo, e inserir ali os dados, como temperatura medida por qualquer termômetro comum, umidade relativa do ar e outros. O software faz o cálculo e informa se o ambiente está confortável para cada espécie”.
Paralelamente ao aplicativo, Arilson também desenvolveu um dispositivo portátil que faz medições de temperatura, umidade relativa e temperatura de globo negro (aquela que considera a radiação solar). “Pelo dispositivo portátil, eu conecto o aplicativo via bluetooth e determino os períodos de coleta de dados. O dispositivo transmite os dados na frequência de tempo estipulada e, ao final do período, ele faz uma média e oferece o resultado do cálculo dos índices. O dispositivo é mais prático e mais preciso. Foi feito para levar a tecnologia mais precisa ao produtor. Mas não impede que ele use a forma manual com ótimos resultados.” Para a professora Sílvia Lucas de Souza, o equipamento desenvolvido pelo seu orientado pode ser muito útil para quem produz em pequena e média escala.“Hoje em dia, muita gente tem um smartphone. Com ele, o produtor tem a condição de visualizar do seu celular, em tempo real, se as instalações de seus animais estão confortáveis ou não”.
Segundo a docente, um equipamento de medição deve custar em termos de R$ 1.200,00 reais. Já o dispositivo poderá estar à disposição por cerca de R$ 400,00 reais. Amparado nos dados, ele pode tomar medidas imediatas se constatar que seus animais não estão em situação de conforto térmico e evita a perda de animais em ondas de calor ou frio intensos. “O produtor ganha praticidade, agilidade, baixo custo e pode divulgar que produz observando os cuidados com o bem estar animal”, afirma a professora Sílvia. “Isso pode ser um diferencial significativo para posicioná-lo no mercado”.
Denominado “Orvalho”, o aplicativo já está disponível. Ele pode ser baixado gratuitamente no Google Play, por meio do endereço: https://apporvalho.wordpress.com/
Fonte: O Presente Rural