
A Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) está com equipes técnicas de várias regiões do estado atuando nos municípios atendidos pelo Departamento Regional de São Joaquim, na Serra Catarinense, em ação contra o cancro europeu das pomáceas. O trabalho consiste em inspecionar pomares de maçã, em busca de plantas com sinais da ocorrência da praga, em verificar a conformidade das declarações anuais realizadas pelos responsáveis técnicos e fiscalizar o cumprimento da legislação referente à praga.
O cancro europeu, provocado pelo fungo Neonectria ditissima, é considerado uma das mais graves para as pomáceas, sendo portanto uma ameaça potencial para a economia da região, que é uma das principais produtoras de maçãs do país. É uma praga quarentenária regulamentada presente no Brasil, inclusive nas principais regiões produtoras, e o Ministério da Agricultura e Pecuária estabeleceu critérios e procedimentos para contenção da doença em seu Programa Nacional de Prevenção e Controle do Cancro Europeu (PNCE).


Em Santa Catarina, o Comitê Estadual de Sanidade da Pomáceas avaliou que o PNCE era insuficiente para o enfrentamento da praga no estado. Por isso, criou uma norma mais restritiva que a estabelecida pelo ministério, com a criação do Programa Estadual de Mitigação de Risco do Cancro Europeu das Pomáceas (PMRCE).
De acordo com o gestor do Departamento Estadual de Defesa Vegetal (Dedev), Alexandre Mees, a ação em curso em São Joaquim tem caráter educativo e visa proteger a produção local, reconhecida nacional e internacionalmente pela qualidade das frutas. Contudo, situações mais graves podem resultar em autuações e na determinação de eliminação de plantas contaminadas, conforme determina a legislação. A primeira etapa do trabalho na região foi concluída na semana passada e a segunda está prevista para o final de agosto.

As propriedades fiscalizadas foram selecionadas por sorteio, para obter uma amostragem aleatória. Os profissionais da Cidasc compararam as observações feitas no local com os dados declarados pelos responsáveis técnicos (RTs), de forma a verificar se eram coerentes. As declarações anuais, emitidas pelos RTs, são ponto de partida para que a Cidasc e a Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária (Sape) possam calcular a incidência da praga no estado e formulem políticas públicas para o setor da pomicultura.
As inspeções em busca do cancro europeu são realizadas de forma minuciosa nas plantas, de forma amostral nos pomares sorteados. O uso de drones facilita a localização de pomares não cadastrados e viveiros clandestinos, além de permitir uma visão abrangente da área para melhor organizar o trabalho na área a ser percorrida pelos técnicos.
Em unidades de produção com incidência de cancro europeu em até 5% das plantas, mesmo que seja apenas um ramo com lesão, as plantas com sintomas devem ser arrancadas e incineradas. Além disso, as plantas vizinhas às plantas erradicadas deverão ser marcadas e vistoriadas mensalmente. Já nas áreas com incidência superior a 5%, a planta contaminada pode ser preservada, desde que tenha mais de 3 anos de idade, não existam lesões no tronco principal e seja realizada a eliminação e incineração de todos os ramos que apresentarem cancros.
O gestor do Departamento Regional de São Joaquim da Cidasc, Maykon Cechinel Nunes, salienta que os esporos do fungo causador do cancro europeu podem se disseminar em um raio superior a 10 quilômetros. É por esta razão que a prioridade da Cidasc é educar os produtores, adotar medidas preventivas e detectar a presença de pragas o quanto antes.
O que é o cancro europeu?


O cancro europeu é uma doença causada pelo fungo Neonectria ditissima, que ataca principalmente árvores do gênero Malus, como a macieira. A infecção acontece através de ferimentos naturais (quedas de folhas, colheita, granizo) ou mecânicos (poda) na planta.
O sintoma característico da doença é observado nos ramos, que apresentam engrossamento nas bordas inferiores e superiores. Quando há evolução das lesões do cancro europeu, o lenho fica exposto ou os ramos estrangulados: isto se reflete também em ramos que não brotam ou ficam amarelados, folhas murchas, secas ou que apresentam alteração de cor.
Na fase inicial do cancro, pode haver manchas de coloração marrom-avermelhado, desprendimento da casca na área lesionada nos esporões, brindilas e gemas foliares. Quando a praga afeta os ramos das pomáceas, os frutos podem apresentar podridão: as frutas ficam com coloração marrom-escura com frequentes rachaduras na região pistilar ou calicinal.
Uma árvore contagiada pelo cancro europeu, com o tempo, terá a morte dos ramos e ficará comprometida. Em condições de clima úmido e ameno, como o encontrado em São Joaquim,o fungo pode se espalhar com facilidade, atingindo pomares inteiros se não houver controle adequado.
A importância da vigilância
A presença do cancro europeu pode impactar diretamente a produtividade e a qualidade das frutas, além de trazer prejuízos econômicos aos produtores. Por isso, a vigilância constante e a atuação técnica da Cidasc são fundamentais para a detecção precoce e o controle da doença.
Entre as boas práticas, está a aquisição de mudas de procedência conhecida, com certificado fitossanitário, para que não ocorra a introdução da praga no pomar. A notificação de casos suspeitos também é essencial, para que o problema seja identificado o quanto antes e as medidas sanitárias sejam adotadas precocemente para evitar a disseminação do fungo.
As medidas contra esta praga foram definidas pelo Programa Nacional de Prevenção e Controle do Cancro Europeu (PNCE), estabelecido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), na Portaria SDA/MAPA nº 319/2021. Em Santa Catarina, prevalece o Programa Estadual de Mitigação de Risco do Cancro Europeu das Pomáceas (PMRCE), instituído pela Portaria SAR nº 20/2023, que traz medidas mais restritivas que as adotadas no restante do país.
A produção de maçãs é a principal atividade econômica da região de São Joaquim e a Maçã Fuji de São Joaquim, em função de suas características únicas, recebeu registro de Indicação Geográfica na categoria Denominação de Origem. Somando a produção desta região e da região de Fraiburgo, Santa Catarina responde por mais da metade da produção e exportação de maçãs no Brasil.
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