Foto: Ascom/Cidasc.

A presidente da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), Celles Regina de Matos, recebeu o diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Marcelo de Andrade Mota. A visita, na quinta-feira (31/07), teve como principal objetivo conhecer de perto o trabalho desenvolvido pela Cidasc na erradicação da brucelose e da tuberculose em Santa Catarina, doenças que afetam rebanhos bovídeos e são de grande relevância para a saúde pública e o comércio agropecuário.

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Durante o encontro, a equipe da Cidasc apresentou o plano de ação desenvolvido e encaminhado ao Mapa, com medidas que visam alcançar a classificação de risco A3 para brucelose e para tuberculose, nível máximo de reconhecimento sanitário para as duas enfermidades. Santa Catarina já possui a classe A para brucelose e para tuberculose, ou seja, com prevalência inferior a 2% para ambas as doenças, sendo o único estado do país com essa classificação para brucelose. Ainda, vem executando ações além das exigidas no Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal (PNCEBT) instituído pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) em 2001.

Foto: Ascom/Cidasc.

Para a presidente da Cidasc, Celles Regina de Matos, a busca pela excelência em sanidade animal reforça o protagonismo de Santa Catarina no cenário nacional e internacional. “Buscar a classificação A3 demonstra o quanto a defesa agropecuária de Santa Catarina segue sendo protagonista, arrojada em suas entregas, inédita em sua jornada. Demonstra o espírito do Governo do Estado, que é comprometido com a excelência sanitária e com a saúde única. É uma conquista que fortalece a credibilidade da nossa cadeia produtiva leiteira, que já é altamente produtiva, ocupando um honroso quarto lugar no Brasil, considerando o diminuto tamanho de nossas propriedades rurais”, ressalta Celles.

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A classificação A3 refere-se ao status sanitário mais elevado de controle de brucelose e tuberculose no país. Essa classificação é concedida a estados nos quais a ocorrência dessas doenças é comprovadamente muito baixa e que demonstram ações de controle efetivos. Para alcançar o status A3, o Mapa leva em conta dois critérios: a prevalência das doenças (categorizada de A a E) e a qualidade da execução dos planos de ações (avaliada de 0 a 3).

Graças aos esforços conjuntos do Serviço Veterinário Estadual (SVE), do setor público e privado, dos profissionais envolvidos e dos produtores rurais, o estado tem apresentado excelentes resultados. No último inquérito soroepidemiológico, as prevalências de rebanhos infectados foram de apenas 0,91% para brucelose e 0,5% para tuberculose, o que reflete a eficiência do programa e reforça a nossa posição sanitária de destaque.

No encontro, também foram discutidas as novas fichas técnicas da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) e da Doença de Newcastle (DNC), reforçando o compromisso de Santa Catarina com a vigilância ativa e o fortalecimento da defesa sanitária animal.

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Na ocasião, o diretor Marcelo de Andrade Mota entregou à presidente da Cidasc o certificado de reconhecimento internacional do Brasil como Zona Livre de Febre Aftosa sem Vacinação, recebido oficialmente pelo país em cerimônia realizada em junho de 2025, na França. Este reconhecimento, concedido pela Organização Mundial de Saúde Animal (Omsa), marca uma conquista histórica para o país. Santa Catarina, pioneira nesse processo, já possui o status de Zona Livre desde 2007.

Foto: Ascom/Cidasc.

Durante o encontro, a presidente da Cidasc, Celles Regina de Matos, esteve acompanhada da diretora de Defesa Agropecuária, Débora Reis Trindade de Andrade; do gestor estadual de Divisão de Defesa Sanitária Animal, Diego Rodrigo Torres Severo; das coordenadoras estaduais de Trânsito e Vigilância Sanitária Animal, Karina Diniz Baumgarten e Patrícia Mayer. Também participaram os coordenadores estaduais de Erradicação da Brucelose e Tuberculose, Cláudia Marina Hachmann e Fabrício Bernardi, este último por videoconferência.

Foto: Ascom/Cidasc.

O encontro reforça o protagonismo de Santa Catarina na sanidade animal e o comprometimento do Estado com a excelência na produção agropecuária, fundamental para manter e ampliar mercados nacionais e internacionais.

Quer saber mais sobre como Santa Catarina tem a menor prevalência para brucelose e tuberculose? Leia a matéria: Menos doença, mais saúde: Santa Catarina tem a menor prevalência para brucelose e tuberculose nos rebanhos bovinos do Brasil

+Brucelose e tuberculose: impactos, prevenção e benefícios da certificação

Prejuízos para o produtor e riscos para a saúde

A brucelose e a tuberculose bovinas e bubalinas representam ameaças tanto para a saúde animal, quanto para a saúde pública. Nos rebanhos, a brucelose causa abortos, nascimentos prematuros e de terneiros fracos, retenção de placenta, repetição de cio nas fêmeas, orquite (inflamação do testículo) e infertilidade nos machos, além de redução de até 25% na produção leiteira. A tuberculose também pode causar o mesmo impacto na produção de leite e sinais clínicos de tosse constante e emagrecimento progressivo. Porém, alguns animais infectados podem não apresentar nenhum sinal clínico de ambas as doenças.

Além dos prejuízos econômicos, as doenças também representam risco à saúde humana. A brucelose pode causar febre recorrente, suores noturnos, fraqueza, dores musculares e articulares, enquanto a tuberculose pode provocar sintomas respiratórios como tosse persistente, febre, perda de peso e cansaço extremo. Ambas são enfermidades de tratamento prolongado e complexo. A transmissão para os seres humanos pode ocorrer pelo consumo de produtos de origem animal contaminados, como o leite cru e derivados não pasteurizados e carne mal passada. Além disso, há risco de infecção pelo contato direto com animais doentes ou com materiais contaminados, como restos de parto ou aborto de fêmeas infectadas pela brucelose, especialmente quando não há o uso de equipamentos de proteção individual. No caso da tuberculose, a transmissão também pode ocorrer durante o manejo dos animais infectados, por meio da inalação de aerossóis contaminados. 

Como agir diante da doença?

Caso um foco de brucelose ou tuberculose seja identificado no rebanho, os animais positivos devem ser isolados dos demais imediatamente e afastados da produção leiteira. O saneamento da propriedade é realizado eliminando-se os animais positivos nos testes de diagnósticos para as doenças. Os exames são realizados por médico-veterinário habilitado no Programa Nacional de Erradicação da Brucelose e Tuberculose (PNCEBT), sob supervisão de médico-veterinário da Cidasc, e deve ocorrer dentro dos prazos legais, fator que garante que a indústria não interrompa a captação do leite.

Os produtores rurais e profissionais que atuam no setor devem estar atentos para a aquisição de animais apenas com exames negativos para brucelose e tuberculose e aos sinais de manifestações clínicas das doenças. Ao notar sinais como os citados anteriormente, deverão procurar a Cidasc imediatamente para orientação e controle sanitário, bem como um médico-veterinário habilitado no PNCEBT para realizar exames  no seu rebanho.

Um diferencial em Santa Catarina é que o Governo do Estado indeniza integralmente os criadores pelo abate sanitário de animais positivos, por meio do Fundo Estadual de Sanidade Animal (Fundesa), fator que auxilia na reposição do plantel com animais sadios, garantindo a continuidade da produção.

Apoio ao produtor e vantagens da certificação

A Cidasc, por meio dos seus profissionais, aliada a participação das agroindústrias, da iniciativa privada, de instituições públicas e de médicos-veterinários habilitados no PNCEBT, incentiva a certificação das propriedades. Os benefícios vão além da segurança sanitária:

  • melhor remuneração pelo litro de leite por parte dos laticínios que fazem pagamento diferenciado;
  • maior facilidade para comercialização e trânsito de animais;
  • redução de perdas na produção e reprodução;
  • segurança para as pessoas que manejam os animais e consomem os produtos.

Santa Catarina, quarto maior produtor de leite do Brasil, busca erradicar essas doenças para fortalecer sua competitividade nos mercados mais exigentes, inclusive para exportação de produtos lácteos.

Como certificar sua propriedade?

Para iniciar a certificação, o produtor deve procurar o escritório da Cidasc no seu município. O processo requer:

  • preenchimento de requerimento e termo de compromisso;
  • verificação do cadastro da propriedade e dos animais (todos os bovinos e bubalinos devem estar brincados, com saldo de animais atualizado e os produtores cadastrados em seus respectivos rebanhos);
  • contratação de médico-veterinário habilitado no Programa Nacional de Erradicação da Brucelose e Tuberculose (PNCEBT) para realizar os exames dos animais;
  • realização de dois exames consecutivos negativos de todos os bovinos e bubalinos aptos da propriedade, em um intervalo de 6 a 12 meses entre testes. Para brucelose são testadas as fêmeas e os machos inteiros com idade a partir de 8 meses, e para tuberculose todos com mais de 42 dias de vida devem ser examinados;
  • a entrada de animais em propriedades em processo de certificação ou já certificadas deve ser controlada, com a realização de dois exames nos animais, conforme previsto na legislação, ou, alternativamente, a entrada de animais será permitida sem a exigência de exames, desde que estes provenham de propriedades certificadas livres de brucelose e tuberculose.

Para manter a certificação das propriedades, é necessário realizar exames anualmente em bovinos e bubalinos. Com a certificação ativa e durante a vigência do certificado, a propriedade fica isenta da exigência de novos testes para o trânsito de animais e participação em eventos agropecuários. Além disso, produtores certificados podem obter melhor remuneração pelo leite, agregando valor ao seu negócio.

Vigilância e evolução do programa

Segundo a Portaria da Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária (SAR) n.º 44/2020, alterada pela Portaria SAR n.º 23/2022, todas as propriedades leiteiras precisam ter amostras de leite colhidas para diagnóstico de brucelose no mínimo uma vez a cada doze meses. Nos rebanhos, para controle da tuberculose, deve-se realizar a cada trinta e seis meses os exames individuais nos animais com idade a partir de 42 dias. 

Nos últimos três anos, a quantidade de exames realizados para a detecção das doenças aumentou, enquanto o número de casos positivos para as doenças vem decaindo. O Governo do Estado investe fortemente na busca ativa por bovinos e bubalinos positivos para ambas as doenças, com ações de vigilância ativa, diagnósticos precisos e abates sanitários. Desde 2017, mais de 3 milhões de bovinos foram testados em Santa Catarina, comprovando a eficácia do Programa Estadual de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Bovinas.

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