Foto: Ascom/Cidasc.

O Departamento Regional da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) de Concórdia realizou, na segunda-feira (06/05), uma operação conjunta com a Vigilância Sanitária Estadual e a Vigilância Sanitária do município de Alto Bela Vista. A ação, desencadeada após uma denúncia recebida pela Ouvidoria da Cidasc, resultou na apreensão de 327 quilos de alimentos impróprios para o consumo humano e 114 litros de bebidas, em um estabelecimento comercial de Alto Bela Vista, no Oeste catarinense. Os produtos estavam com embalagens rompidas e em condições higiênicas inadequadas.

Foto: Ascom/Cidasc.

Durante a operação, foram encontradas carnes de aves, gado e suína armazenadas nos freezers de forma irregular e com prazos de validade vencidos, e sem procedência identificável. Além disso, acabou sendo confirmado pela Vigilância Sanitária diversas irregularidades no local, como condições higiênico-sanitárias em desacordo com as normas vigentes.

Foto: Ascom/Cidasc.

Participaram da operação conjunta, a médica veterinária da Cidasc Marisa Macagnan, e pela Vigilância Sanitária a enfermeira Claudete Gerhardt; a analista técnica de gestão e promoção da saúde Juliana Cássia Bonatto; a bióloga Franciele Carla Prichoa; e a agente de vigilância sanitária Vânia Pedroso. Segundo os profissionais, os produtos apreendidos foram inutilizados por apresentarem condições impróprias ao consumo humano.

Foto: Ascom/Cidasc.

Alimentos apreendidos não podem ser doados

Ações da fiscalização agropecuária frequentemente resultam na apreensão de alimentos de origem animal impróprios para consumo humano. Todos os anos, toneladas de carnes e derivados são apreendidas em todo o Estado. E a cada notícia sobre este tipo de trabalho, os comentários se repetem.

Nos veículos de comunicação e nas redes sociais, quando informado sobre o trabalho do médico veterinário na apreensão deste tipo de alimento, surgem questionamentos dizendo que se trata de desperdício e que o material deveria ser doado para instituições de caridade.

Os motivos de apreensão são basicamente por problemas de temperatura, armazenamento inadequado ou produtos sem inspeção. Às vezes, os três. Isso significa que estes alimentos não podem ser direcionados, em hipótese alguma, à alimentação humana. Estes produtos são encaminhados para graxarias, onde passam por um processamento em alta temperatura (autoclavagem), são transformados em farinha de carne e osso e direcionados para a produção de ração animal. Com isso, as bactérias e eventuais contaminantes são eliminados no processo industrial, não oferecendo risco para o animal que consumir.

A carne bovina, por exemplo, flagrada acima de 7 °C, deve ser descartada, pois fica mais propensa à contaminação por bactérias patogênicas, como coliformes, Salmonella e Staphylococcus, que podem causar uma série de doenças e até levar à morte. Como nem sempre se manifestam imediatamente, podem ser subnotificadas no sistema de saúde. A médica veterinária da Cidasc e gestora do Departamento Estadual de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Deinp), Alexandra Reali Olmos, comenta que “às vezes, a pessoa consome um alimento de origem duvidosa e não relaciona isso a um problema de saúde surgido tempos depois”, alerta. Cada categoria de produto tem um limite de temperatura previsto em lei.

Já os produtos sem inspeção guardam problemas ainda mais sérios. “Quando apreendemos um produto clandestino, não sabemos as condições do animal e nem o local onde foi abatido. Existem problemas que só podem ser identificados na linha de abate. Com a carcaça fracionada, já não é mais possível detectar. Mas as zoonoses como tuberculose e brucelose podem estar lá”, afirma Alexandra. Por fim, condições inadequadas de armazenamento ou acondicionamento também apresentam riscos ao consumo humano. Já foram encontradas carnes e derivados transportados sem embalagem no chão de veículos ou em contato com produtos tóxicos.

“Os embutidos sem inspeção, produzidos com carne estragada, receberam corantes, temperos e aditivos e se transformaram em produtos com aparência bonita, mas de alto risco para o consumo”, declara a médica veterinária.

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