Nesta quarta-feira, 27 de setembro, a presidente da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), Celles Regina de Matos, e a médica veterinária e gestora da Divisão de Defesa Sanitária Animal, Débora Reis Trindade de Andrade, apresentaram o sistema de identificação individual e rastreabilidade de bovinos e bubalinos em Santa Catarina para a Comissão de Agricultura e Política Rural, na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc). Celles e Débora explicaram aos deputados o funcionamento do sistema de identificação e rastreabilidade aplicado no Estado.
Conforme o explicado, o sistema de identificação e rastreabilidade de bovinos e bubalinos surgiu como um procedimento complementar de segurança zoossanitária ao reconhecimento do Estado como Área Livre de Febre Aftosa sem Vacinação, ocorrido no ano de 2007, pela Organização Mundial de Saúde Animal (Omsa). Os proprietários de rebanhos bovinos e bubalinos de todo o Estado são responsáveis por identificar seus animais e manter seu rebanho atualizado junto à Cidasc, inclusive informando a numeração dos animais quando morrem, por exemplo. Bovinos e bubalinos são identificados com objetos de identificação individual (brinco e boton) nas orelhas, contendo uma numeração que acompanha os animais durante a vida toda, proporcionando que suas movimentações permaneçam registradas no sistema informatizado da Cidasc e permitindo a rastreabilidade desses animais.
De acordo com Celles Regina de Matos, ainda que Santa Catarina apresente um plantel modesto de bovinos e bubalinos (cerca de 4,4 milhões) em relação a outros Estados, o sistema têm se apresentado como importante ferramenta de apoio no controle da sanidade de suínos, dos quais o estado desponta como maior produtor e exportador brasileiro. “Este controle que temos para os bovinos nos dá segurança para que não sejam propagadas doenças que podem afetar os suínos também, como a Febre Aftosa.” De acordo com ela, o sistema tem proporcionado a manutenção de mercados como a China e União Europeia cada vez mais preocupados com questões como controle da saúde animal e questões de sustentabilidade.
A gestora da Divisão de Defesa Sanitária Animal, Débora Reis Trindade de Andrade, disse ainda que a iniciativa tem sido um exemplo para outros Estados brasileiros, que iniciaram tratativas para enviar técnicos à Santa Catarina para conhecer este trabalho realizado pela Cidasc, tendo em vista que o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) determinou que o sistema de identificação e rastreabilidade seja obrigatório e esteja implantado em todo o território nacional até maio de 2026. Durante a explanação, a profissional comentou ainda sobre a parceria com o Instituto Catarinense de Sanidade Agropecuária (Icasa), que contribui com o trabalho da Cidasc na identificação e resolução de não conformidades e na orientação aos produtores.
“Em Santa Catarina a identificação de bovinos e búfalos é obrigatória desde 2008, um ano depois do reconhecimento de zona livre de febre aftosa sem vacinação junto à Organização Mundial da Saúde Animal. Também conhecido como ‘brincagem’, esse processo é fundamental para o monitoramento do rebanho catarinense, uma ação que influencia na prevenção contra doenças que podem afetar o status sanitário do Estado. Funciona assim: todo o bovino ou bubalino que nasce no Estado deve ser identificado com dois brincos, um para cada orelha. Isso deve acontecer até o sexto mês de vida desse animal, ou seja, até ele completar 180 dias, exceto se o animal for movimentado anteriormente, quando deverá já estar devidamente identificado”, explica Débora.
Os brincos colocados nos búfalos e bovinos mostram o número de registro do animal. São dois: um amarelo que fica na orelha direita e um menor, verde, na orelha esquerda, que serve de backup. Ambos apresentam o número de registro do animal, cuja numeração é compatível com o Sistema Brasileiro de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos (Sisbov), do Ministério da Agricultura. Os brincos são gratuitos.
O processo envolve não só a aplicação dos brincos, como também o registro do animal junto à Cidasc. Então, até o sexto mês de vida do bovino ou bubalino, o produtor deve solicitar à Cidasc o brinco, informar os dados do animal e também fazer a brincagem, explica Débora, médica veterinária da Cidasc. “Isso torna possível rastrear o animal e facilita a identificação de possíveis animais clandestinos. Os bovinos e os búfalos existentes no rebanho catarinense, ou são nascidos no estado, ou oriundos de unidades federativas reconhecidas como livres de febre aftosa sem vacinação, após comprovar que cumprem as exigências necessárias para ingressarem no Estado”. Com a identificação individual do animal é possível saber de qual município ele vem, seu produtor, sua idade e sexo, por exemplo. Todas essas informações ficam armazenadas no sistema da Cidasc”, finaliza Débora.
O deputado Altair Silva, que propôs a realização do debate, destacou o trabalho realizado pela Cidasc. “Somos o maior exportador de carne suína para o mundo inteiro, com participação de cerca de 55% da produção nacional, atingindo os mercados mais exigentes. E um dos pontos centrais para termos acesso a estes mercados, que são diferenciados, é justamente o trabalho realizado pela Cidasc”, afirma Altair.
O deputado Oscar Gutz também se pronunciou no mesmo sentido. “Santa Catarina é reconhecida internacionalmente pelo belo trabalho que vem fazendo por meio da Cidasc, que mantém uma atuação constante na aquisição de novas tecnologias e processos para o aprimoramento da qualidade da produção agropecuária catarinense”, finaliza Gutz.
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