Foto: Cidasc de Rio do Sul

A Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola do Estado de Santa Catarina (Cidasc) orienta aos produtores sobre como ter produção de mudas cítricas de boa qualidade, em especial aos da região do Alto Vale do Itajaí, maior polo produtor de mudas cítricas do estado de Santa Catarina. Sua qualidade pode garantir o sucesso da implantação e a longevidade dos pomares. Mas o processo de produção envolve várias etapas, além de precisar seguir legislações específicas.

A cultura realizada, predominantemente, em pequenas propriedades familiares, cerca de 29 viveiristas nos municípios de Rio do Oeste, Laurentino, Pouso Redondo e Trombudo Central, com produção estimada em mais de 1,5 milhões de mudas de diversas variedades, geram uma receita aproximada de 12 milhões de reais. De acordo com o engenheiro agrônomo da Cidasc de Rio do Sul, Adonyran Carlos Livramento, “a muda de qualidade é o principal insumo que o agricultor deve utilizar na formação do pomar”, comenta o profissional. 

Quais são as características desejáveis de uma boa muda cítrica?

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– Ser o porta-enxerto de cultivar indicado, que tenha boa adaptação ao clima e ao solo do local de plantio, e que apresente boa resistência a doenças, como a gomose;
– Possuir o cultivar copa boa adaptação ao clima local e ter boa qualidade genética;
– Ser livre das principais viroses e bacterioses e de nematóides, insetos e fungos; e
– Ter boa formação e bom vigor.

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Escolher o fornecedor de mudas tendo por critério o menor preço é o maior erro que um citricultor pode cometer. A opção correta é optar sempre por mudas da melhor qualidade, independentemente do preço. Mudas de menor qualidade, mesmo que gratuitas, são caras demais.

Na fruticultura as mudas não são compradas todos os anos, como é o caso das sementes de cereais, dos adubos e dos defensivos. As mudas são compradas uma só vez, na implantação do pomar, o qual deverá produzir por, no mínimo, 20 anos. “As mudas são, na verdade, um investimento que, quando bem feito, dará bom retorno financeiro durante muitos anos”, enfatiza a engenheira agrônoma da Cidasc de Rio do Sul, Larisslay F. de Valença.

Num pomar de produção média, com 20 anos de idade, o preço das mudas de boa qualidade representa apenas em torno de 2% do custo de produção total desses 20 anos. Por mínima que seja a diferença de qualidade entre dois tipos de muda, a diferença de produção entre elas será sempre superior a 2%. Ao se adquirir mudas cítricas, não se consegue identificar visualmente se estão ou não contaminadas por doenças causadas por vírus ou por outras pragas, por isso a importância de adquirir uma muda de qualidade.

Foto: Cidasc de Rio do Sul

Em muitos casos, os sintomas e os danos causados por viroses se manifestam apenas a partir do sétimo ano, podendo levar dez anos ou mais. Não há como tratar mudas contaminadas por viroses. A única saída é arrancar tudo e começar tudo novamente. Verifica-se, assim, o enorme prejuízo que poderá ser causado pelo uso de mudas cítricas de qualidade desconhecida, sem garantia. 

Mudas altamente contaminadas por gomose nem chegam a produzir, porque morrem já a partir do primeiro ou segundo ano, resultando em perda total do investimento feito e do trabalho realizado. Adonyran comenta que “grande parte dos defeitos genéticos e sanitários que uma muda cítrica possa ter não são visíveis, quando ela é comercializada”. Ao adquirir mudas frutíferas de fornecedores desconhecidos, tanto o porta-enxerto, quanto a variedade copa podem não ser aqueles que o vendedor está informando é que o comprador está solicitando. 

Foto: Cidasc de Rio do Sul

Além disso, existem, na maioria dos cultivares de interesse comercial na atualidade, diferentes clones, sendo alguns melhores que outros. Alguns desses clones são produtivos e têm boas características, outros não. Nas mudas também não é possível visualizar se elas se encontram contaminadas por vírus, nematóides, gomose e diversas outras doenças, as quais só se manifestam mais tarde nos pomares, às vezes depois de 7 e até 10 anos.

Esses são alguns dos motivos pelos quais as mudas para plantio de pomares comerciais devem ser compradas sempre diretamente dos viveiristas, nunca de intermediários, e muito menos de vendedores ambulantes. O comércio ambulante de mudas cítricas é proibido por lei, prevendo-se a apreensão e destruição das mudas, além da aplicação de multa. 

Para denunciar o comércio e o trânsito ilegal de mudas a população pode comunicar à Cidasc, através do WhatsApp (48) 3665.7300 ou via Ouvidoria do Estado, pelo telefone 0800 644 8500.

Como se deve proceder na aquisição de mudas?

Foto: Cidasc de Rio do Sul

A aquisição de mudas deve ser feita somente com viveiristas legalmente credenciados, exigindo nota fiscal, certificado de garantia sanitária, certificado de garantia varietal, tanto da copa, quanto do porta-enxerto. Mudas certificadas de citros, livres de doenças e de pragas, devem, obrigatoriamente, ser produzidas em ambiente protegido no interior de abrigos apropriados, segundo normas oficiais específicas. Devem encontrar-se plantadas em potes com substrato artificial, sobre bancadas. Os enxertos empregados para a produção de mudas devem ser oriundos de matrizes certificadas.

As normas e padrões para ser um viveirista, devem atender a diversas exigências relacionadas à qualidade das mudas, incluindo, o cumprimento das normas estadual e federal previstas para o processo de produção e comercialização.

Quem pode vender mudas?

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Primeiramente o viveirista deve ser registrado como Produtor de Mudas no Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem) no Ministério da Agricultura, Pecuária e abastecimento – Mapa, através de seu Responsável Técnico – RT, conforme Instrução Normativa n.º 48, de 24 de setembro de 2013.

Cada produtor deverá cadastrar a sua unidade de produção, junto à Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), que é o Órgão Estadual de Defesa Sanitária Vegetal do Estado de Santa Catarina, antes do início das atividades, conforme o Decreto n.º 727, de 20 de julho 2020, que devem funcionar sob a responsabilidade e supervisão de um Responsável Técnico, habilitado também na Cidasc, que atenda a critérios específicos para a cultura do Citros, para que a partir daí seja dado o processo de Certificação Fitossanitária, que é o procedimento que atesta a condição de origem e sanidade das mudas cítricas.

Qual a legislação que orienta e regulamenta os viveiros de mudas?

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A Portaria da Secretaria da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural – SAR n.º 22/2010, de 23 de novembro de 2010, que dispõe sobre as normas de produção de mudas cítricas no estado de Santa Catarina definiu que, desde de novembro de 2013, a produção deverá ser realizada em ambiente protegido, ou seja em viveiro construído com uma cobertura impermeável, revestido lateralmente com tela cuja malha tenha abertura máxima de 0,87 (oitenta e sete centésimos) de milímetro por 0,30 (trinta centésimos) de milímetro, sem furos ou frestas e que deverá atender às seguintes exigências: 

– Estar distante no mínimo 30 (trinta) metros de qualquer planta cítrica;
– Estar instalado em área com boa drenagem;
– Ter seu perímetro externo mantido com faixa mínima de 1 (um) metro livre de vegetação;
– Destinar-se à produção exclusiva das espécies do gênero Citrus spp.;
– Possuir antecâmara de acesso, que tenha área interna de piso cimentado ou cerâmico com no mínimo 2 (dois) metros por 2 (dois) metros, pedilúvio para desinfecção de calçados e, ainda, equipamentos para desinfecção de mãos e utensílios, sendo que os produtos químicos utilizados devem ser registrados para esse fim nos órgãos competentes;
– Possuir bancada com altura mínima de 40 (quarenta) centímetros do selo; o piso dos corredores entre as bancadas deve ser de cerâmica ou de cimento ou possuir uma camada de pedra britada com no mínimo 5 (cinco) centímetros de espessura;
– Possuir carreador entre a bancada e a tela com no mínimo 50 (cinquenta) centímetros de largura; ter sua área interna mantida sempre limpa, livre de plantas daninhas, detritos e sujidades vegetais;
– Proibido o acesso de pessoas estranhas ao seu interior, devendo tal proibição ser expressa em placas indicativas;
– Após a retirada de cada lote de mudas, o produtor deverá proceder à desinfestação e desinfecção de pisos, paredes e bancadas com hipoclorito de sódio a 1% (um por cento) ou produto similar devidamente registrado nos órgãos competentes para tal fim.

Segundo a mesma Portaria a produção de mudas críticas devem obedecer aos seguintes critérios: 

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I – produção de porta-enxerto em tubetes, bandejas ou embalagens definitivas;
II – produção de mudas em recipientes com dimensões mínimas de 10 (dez) centímetros de largura e 30 (trinta) centímetros) de altura;
III – o substrato utilizado deve ter boa porosidade e ser isento de nematóides e fungos do gênero Phytophthora e de outros patógenos ou pragas comprovadamente nocivas ao Citrus spp.; e
IV – todos os materiais e equipamentos utilizados na enxertia e nas podas deverão, diariamente, ser desinfectados com hipoclorito de sódio na concentração de 1% (um por cento) ou produto similar devidamente registrados nos órgãos competentes para tal fim.

Referências Bibliográficas:

1 – Citricultura catarinense
Osvino Leonardo Koller/Organizador
Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina
Florianópolis 2013.

2 – Portaria Secretaria da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural – SAR n.º 22/2010, de 23/11/2010.

Fonte: Engenheiro agrônomo Adonyran Carlos Livramento, Cidasc de Rio do Sul, engenheira agrônoma Larisslay F. de Valença, Cidasc de Rio do Sul.

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