Foto: Jornal – O Celeiro

Conquista foi comemorada com realização do 5° Fórum Estadual de prevenção a Febre aftosa realizada pela Cidasc e apoio da Faesc.

Uma das maiores conquistas da pecuária catarinense foi a histórica conquista do status de área livre de aftosa sem vacinação no estado. Para comemorar os 15 anos deste feito, a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (CIDASC) com o apoio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC), promoveu na última semana o 5° Fórum Catarinense de Prevenção a Febre Aftosa. As Médicas Veterinárias da UVL de Campos Novos Juli Martins Chadlvski, Aracéli Zanandrea e Karen Sandrin Rossi falaram sobre este cenário positivo e sobre as atividades pensadas ao longo dos anos.

  1.   Que ações foram tomadas ao longo dos anos que levaram SC alcançar este status? Que ações preventivas são tomadas hoje?

O Brasil iniciou o processo de combate à febre aftosa em 1963, organizando as campanhas de vacinação em algumas regiões do país. Em 1992, o Programa foi reformulado, visando à erradicação da doença e evoluiu consideravelmente com a implantação progressiva de zonas livres, até os dias atuais. Essa evolução seguiu uma regionalização dos sistemas produtivos, organizados em circuitos pecuários independentes, associada às características epidemiológicas da febre aftosa, partindo da região Sul em direção ao Norte do país. A primeira zona livre de febre aftosa com vacinação foi implantada em 1998 e envolveu o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Em 2000 e 2001, foram registradas reintroduções do vírus da Febre Aftosa no RS, que decidiu pelo retorno da vacinação, já SC, reforçou a fiscalização nas divisas e se manteve sem vacinar o rebanho. Em 2007, a OIE reconheceu a primeira zona livre de febre aftosa sem vacinação do país – Santa Catarina, que se mantém até hoje.

Em 2014, a zona livre de febre aftosa com vacinação foi ampliada para sete estados do Nordeste e a região norte do Pará. O Brasil se mantém sem ocorrência da doença desde abril de 2006, perfazendo mais de 16 anos nessa condição sanitária.

Atualmente, se mantém as atividades de vigilância veterinária, que tem como objetivos, a prevenção da introdução, detecção precoce e resposta rápida a focos da febre aftosa e demonstração de ausência de circulação do vírus de FA no país.

Para manter o status sanitário diferenciado, os esforços são imensos. A Cidasc mantém 63 barreiras sanitárias fixas nas divisas com Paraná, Rio Grande do Sul e Argentina que controlam a entrada e a saída de animais e produtos agropecuários. Além do controle do trânsito de animais e produtos de origem animal nas fronteiras, em Santa Catarina todos os bovinos e bubalinos são identificados e rastreados.

  1.   Alguns estados planejam suspender a vacinação contra a febre aftosa apenas em 2023? Acredita que os exemplos como o de SC foram inspiradores para estes estados?

Em 2017, foi lançado o Plano Estratégico do PNEFA, delineado para ser executado em um período de 10 anos, iniciando em 2017 e encerrando em 2026. O Plano está alinhado com o Código Sanitário para os Animais Terrestres, da OIE, e com as diretrizes do PHEFA, convergindo com os esforços para a erradicação da doença na América do Sul. Um dos seus objetivos é a substituição gradual da vacinação contra a febre aftosa, em todo o território brasileiro, pela adoção e melhoria de diversas ações de vigilância, com o envolvimento do Serviço Veterinário Oficial, setor privado, produtores rurais e agentes políticos, nos diferentes âmbitos da federação.

Para isto, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com apoio e participação do Panaftosa e de representantes dos setores privados e do meio acadêmico, publicou o Plano Estratégico 2017-2026, do então Programa Nacional de Prevenção e Erradicação da Febre Aftosa. O objetivo geral do Plano é criar e manter condições sustentáveis para garantir o status de país livre da febre aftosa e ampliar as zonas livres sem vacinação, protegendo o patrimônio pecuário nacional e gerando o máximo de benefícios aos atores envolvidos e à sociedade brasileira.

Santa Catarina se mantém como referência em saúde animal e defesa agropecuária, sendo um modelo no trabalho da Defesa Sanitária Animal para o Brasil e para alguns países do mundo.

  1.   São 15 anos livres da febre aftosa sem vacinação, isso significa que o uso dessa vacina não é mais indicado? A não vacinação não apresenta riscos a pecuária?  

A vigilância sanitária animal é realizada de forma contínua e sistemática para que as decisões e ações possam ser tomadas com base em dados concretos, criteriosamente medidos e analisados.

O Serviço Veterinário Oficial é a organização responsável pela implantação de medidas de prevenção, controle e erradicação de doenças (ameaças internas ou externas). Nesse contexto, o principal objetivo da vigilância é suprir o SVO de informações para auxiliar na adoção de medidas sanitárias eficazes para a manutenção do status sanitário como livre com ou sem vacinação.

Em Santa Catarina, a Febre Aftosa está erradicada, não sendo mais indicada a vacinação. É importante ressaltar que, devido à vacinação dos animais, existe uma menor probabilidade de aparecimento de sinais clínicos clássicos da doença nos animais vacinados em um cenário de transmissão viral, quando comparado com zonas onde não há vacinação. Assim, a vigilância sorológica nos animais vacinados, sob coordenação do SVO, assume grande importância para demonstração da condição de livre, e sua realização aumenta consideravelmente a sensibilidade do sistema de vigilância para esse objetivo.

A vacinação é um método importante utilizado em países/zonas que estão na fase de controle da doença. Quando atinge-se a fase de erradicação, não faz-se mais necessária. Podemos perceber a importância que a vacina teve em SC nos anos em que foi utilizada, sendo seu uso imprescindível na conquista de zona livre.

Em Santa Catarina, a detecção precoce da doença possui uma importância mais crítica entre os objetivos da vigilância na zona livre de febre aftosa, em que não se pratica a vacinação, permitindo o rápido reconhecimento de ocorrências, o diagnóstico confiável e a orientação de uma resposta tempestiva e eficaz, evitando a disseminação da doença. Como resultado,espera-se que o fortalecimento do sistema de vigilância permita a detecção quando ainda em pequena escala de infectados em termos populacionais, permitindo ocontrole o mais cedo possível e evitando disseminação e perdas devastadoras.

A detecção clínica da febre aftosa em populações sem a imunidade conferida pela vacina é mais fácil, dadas as características infecciosas e de disseminação da doença, facilitando a percepção dos sinais clínicos e a notificação por partes interessadas. Dessa forma, torna-se fundamental o papel do produtor rural e de pessoas que diariamente trabalham com os animais como fonte de notificação de suspeitas, pela observação diária dos animais na sua rotina.

Nesse sentido, o SVO deve estar atento à participação destas partes interessadas e promover, em conjunto com as entidades representativas do setor produtivo, ações de comunicação e educação em saúde animal, visando melhorar sua capacidade de detecção e notificação imediata de casos suspeitos.

  1.   Alcançar este status rendeu que conquistas a SC? Como o mundo enxerga o mercado de carne do estado?

Santa Catarina não registra a ocorrência de Febre Aftosa em seu território desde  1993, a quase 30 anos, tendo comprovado a ausência de atividade viral no campo através de sorologia realizada em 1996. Também não vacina seus rebanhos desde o ano de 2000, recebendo o reconhecimento internacional de Área Livre sem vacinação para a doença em 2007.

A certificação da OIE é o maior reconhecimento sanitário que um estado ou país pode alcançar e demonstra ao mundo, principalmente aos mercados internacionais, o cumprimento de vários requisitos técnicos para assegurar a saúde dos rebanhos. Como a febre aftosa é uma doença com alto risco sanitário e gera um enorme impacto econômico, alguns países só compram carnes de áreas livres da doença sem vacinação – onde não existe circulação do vírus e, consequentemente, o controle sanitário é mais rígido.

Com a conquista do status de Livre de Febre Aftosa sem vacinação, o Estado mostrou uma grande evolução do setor produtivo que pode ser exemplificado pela evolução do faturamento com as exportações de suínos: no ano de 2006, antes da certificação internacional como livre de Febre Aftosa sem vacinação, o setor teve faturamento de U$ 310 milhões e , em 2021, 15 anos depois, o faturamento com exportações de suínos foi de U$ 1,3 bilhões, uma evolução de mais de 300% no período e obviamente esse status sanitário diferenciado teve papel importante nesse crescimento.

Outros setores da produção de proteína animal foram impactados favoravelmente no mercado exportador, como o da carne de frango e bovina, que passaram a ser vendidas para países exigentes sanitariamente, levando a produção catarinense a uma melhor valorização e ampliação interna e externamente.

  1.   Enquanto instituição, quais ações continuarão sendo tomadas para que o estado permaneça neste patamar elevado?

Nesse novo conceito de Vigilância e prevenção da Febre Aftosa, temos que trabalhar para reduzir os riscos de introdução da doença, reduzir os riscos da sua disseminação caso a doença entre no território, estimulando a detecção precoce de um possível primeiro caso, relembrando aos produtores os sintomas da doença e as formas de fazer essa informação chegar o mais rápido possível ao Serviço Veterinário Oficial.

Também, os controles e fiscalizações do trânsito de animais, seus produtos e subprodutos, vindos de outras unidades da federação, fazem parte das ações permanentes da Defesa Sanitária Animal na manutenção da nossa condição de livre de Febre Aftosa e de outras importantes doenças de controle oficial.

  1.   O Fórum realizado na última semana tinha o intuito de levar que mensagem ao produtor?

O 5° Fórum Catarinense de Prevenção da Febre Aftosa fez parte das comemorações dos 15 anos da Certificação do Estado de Santa Catarina como Zona Livre de Febre Aftosa sem Vacinação. O objetivo da realização do evento foi a promoção da conscientização sobre doença dos animais, seus impactos e prevenção, alertando a sociedade sobre a importância dessa prevenção e a responsabilidade compartilhada que todos os atores do “Agro” têm.

Em Campos Novos, a Unidade Veterinária Local da Cidasc, organizou junto ao Sindicato dos produtores rurais e Unoesc, a transmissão ao vivo no auditório da universidade, que contou com a participação dos alunos da Medicina Veterinária, representantes da Cidasc, Sindicato Rural, Epagri, Câmara de Vereadores e Prefeitura Municipal.

Confira a matéria na íntegra: https://jornalceleiro.com.br/2022/06/sc-comemora-15-anos-livre-de-febre-aftosa/

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