A produção e a distribuição de alimentos não paralisaram durante as medidas restritivas para evitar o avanço do coronavírus, mas esses setores estão sentindo impactos na comercialização dos produtos. É o caso da cultura do maracujá, que registra o pico de produção em SC de março a abril, momento em que há expectativa de redução de consumo pela diminuição do movimento do comércio em geral. Para mitigar o prejuízo econômico e auxiliar os produtores e comerciantes dessa fruta a conviver com essas medidas, a Epagri, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e o Ceagesp organizaram algumas indicações técnicas.
O documento diz respeito à adoção de protocolos de higiene, classificação dos frutos, armazenamento, venda direta aos mercados locais e à industrialização
O documento foi elaborado pelo pesquisador Henrique Belmonte Petry e extensionista Diego Adílio da Silva (Epagri), pelo professor especialista em armazenagem de frutos Renar João Bender (UFRGS) e pelo coordenador de hortifrutigranjeiros do Ceagesp, Gabriel Vicente Bitencourt de Almeida. Henrique explica que são ações emergenciais a serem adotas pelos produtores e comerciantes, a fim de garantir renda a todos os elos da cadeia produtiva. Elas dizem respeito à adoção de protocolos de higiene, classificação dos frutos, armazenamento, venda direta aos mercados locais e à industrialização:
1. Adoção dos protocolos de higiene e distanciamento social entre os trabalhadores rurais: operários de campo e/ou de casas de embalagem, carga e descarga, motoristas e demais colaboradores devem seguir as recomendações dos órgãos de saúde pública. Trabalhadores do grupo de risco devem ser afastados das atividades e os demais devem ser monitorados quanto a presença dos sintomas causados pelo coronavírus. As ações de higiene devem ser redobradas a fim de garantir a inocuidade dos alimentos e a saúde dos trabalhadores;
2. Encaminhamento de forma direta aos mercados locais: o maracujá de Santa Catarina é, na maioria das vezes, encaminhado para comercialização nas diversas centrais de abastecimento (Ceasas) de outros estados e retorna para comercialização nos mercados catarinenses. A oferta de frutos às redes de supermercados locais pode ser uma oportunidade de escoamento da safra atual e abertura de novos mercados de cadeia curta, o que pode ser, inclusive, uma oportunidade de negócios;
3. Classificação dos frutos mais rigorosa na casa de embalagem: a classificação durante a embalagem do maracujá deve ser realizada de forma mais rigorosa, a fim de evitar a reclassificação nos entrepostos comerciais, preservando a saúde dos trabalhadores das centrais de abastecimento e do consumidor final, pela redução do risco de contaminação dos frutos;
4. Armazenamento dos frutos excedentes em câmara-fria: os frutos que não têm destinação comercial imediata durante o pico da safra podem ser armazenados por até 15 dias em câmaras-frias, a fim de aumentar o período de aptidão para o comércio in natura. Deve-se observar as seguintes indicações técnicas para aumentar a eficiência do armazenamento de maracujá-azedo:
a) os frutos a serem armazenados devem ser colhidos no início da troca de cor (de vez), assegurando-se a manutenção do pedúnculo (cabinho da fruta), e colocados diretamente em caixas plásticas, previamente higienizadas, nas quais serão armazenados;
b) Os maracujás-azedos deverão ser colhidos e classificados imediatamente para que não haja posterior manuseio, o que deprecia os frutos e diminui o tempo de prateleira;
c) Caso seja possível e/ou necessária a realização de uma sanitização, indica-se que seja em solução de 200 ppm de cloro (1 litro de água sanitária comercial a cada 100 l de água limpa). Essa solução deve ser trocada diariamente ou quando apresentar-se turva;
d) Os frutos deverão ser minimamente manuseados e encaminhados imediatamente até seu local de armazenamento em câmara-fria, que deverá ser mantida com temperatura em torno de 8 °C, tendo o cuidado para que não baixe de 6 °C (limite para não causar dano de frio ou chilling). Temperaturas acima de 10 °C são insuficientes para diminuir o avanço da desidratação dos frutos. A umidade da câmara-fria deve ser mantida acima dos 90%.
e) Estruturas móveis de armazenamento em frio (contêineres refrigerados) podem ser alugadas a fim de aumentar a capacidade de estocagem dos frutos nas propriedades e/ou casas de embalagens.
5. Industrialização: os frutos fora de padrão para consumo, ou excedentes sem destino para comercialização in natura, poderão ser industrializados a fim de evitar perdas pelos produtores. No sul de Santa Catarina existem diversas pequenas agroindústrias legalizadas que poderão adquiri-los, bem como prestar o serviço de industrialização dos frutos.
A cultura do maracujazeiro é um importante setor para a economia do Sul Catarinense, que é a terceira região maior produtora da fruta no Brasil e a maior da região Sul. Atualmente, os produtores de lá fornecem o segundo maior volume de maracujás comercializados no Ceagesp, maior entreposto comercial de frutas e hortaliças do Brasil. Aproximadamente 80% da produção catarinense de maracujá-azedo é destinada para comercialização nos estados do Sudeste do Brasil. “Por se tratar de uma produção concentrada na entressafra dos dois estados com maior produção no Brasil, Bahia e Ceará, o maracujá catarinense domina o mercado nos meses de verão e outono, chegando a ter mais de 70% do volume comercializado no Ceagesp nos últimos anos, nos meses de fevereiro a abril”, afirma o pesquisador da Epagri.
Henrique ressalta que a Epagri está atenda e disponível para auxiliar os produtores durante o isolamento social. A extensão rural da Empresa está atendendo os agricultores de forma remota, para evitar o deslocamento desse público até os escritórios municipais. O atendimento é feito pelo sistema Minha Epagri, disponível gratuitamente no site da Epagri, e no aplicativo Epagri Mob. O serviço está disponível para produtores residentes em Santa Catarina que têm cadastro junto à Epagri. Nesse caso, basta entrar no site da Empresa ou no aplicativo Epagri Mob, clicar em Minha Epagri e digitar o CPF para receber uma senha de acesso por e-mail.
Informações e entrevistas:
Henrique Belmonte Petry, pesquisador da Estação Experimental da Epagri em Urussanga, pelo fone (51) 99138-3565.
Informações adicionais para a imprensa:
Assessoria de Comunicação da Epagri
Gisele Dias
Fone: (48) 3665-5147 / (48) 99989-2992
E-mail: giseledias@epagri.sc.gov.br
Mais informações à imprensa:
Assessoria de Comunicação – Cidasc
Fone: (48) 3665 7000
ascom@cidasc.sc.gov.br
www.cidasc.sc.gov.br
www.facebook.com/cidasc.ascom