Foto: Divulgação

A decisão unânime do Tribunal do Júri de San Francisco, nos Estados Unidos, que na terça-feira (19/3) entendeu pela conexão entre o agrotóxico glifosato, o mais aplicado nas lavouras do Brasil (cerca de 60% do total comercializado), e o linfoma não Hodgkin (LNH) de um agricultor da Califórnia corrobora entendimento há tempo difundido no meio-científico a respeito dos efeitos nocivos desses ingrediente tóxicos na saúde humana, nos animais e em toda a biodiversidade.

Em Santa Catarina, o glifosato também muito usado na produção de cerais e diversos outros alimentos, invariavelmente sob o argumento de que é seguro. O ingrediente ativo é uma das 430 moléculas pesquisadas nas análises do monitoramento de vegetais e de água contratadas pelo Ministério Público de Santa Catarina, por intermédio do Centro de Apoio Operacional do Consumidor  – CCO, com o apoio da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola – Cidasc e das agências reguladoras Agência Reguladora Intermunicipal de Saneamento – Aris e a Agência Reguladora de Serviços Públicos de Santa Catarina – Aresc.

De acordo com notícias veiculadas nos canais G1 e UOL, o fabricante do principal agrotóxico à base de glifosato (atualmente a Bayer, antes Monsanto) também terá que se defender da acusação de influenciar cientistas, agências reguladoras e a opinião pública sobre a segurança do produto.

Há pelo menos 10 anos o tema tem estado em debates acalorados e muitas vezes com acusações infundadas contra pesquisadores independentes, como a precursora investigação científica do Prof. Dr. Gilles-Eric Séralini, da Universidade de Caen, na França, que é um dos países que proibiu o comércio de produtos à base de glifosato. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, contrariando todas as evidências, decidiu por manter o agrotóxico sem qualquer restrição de comércio e uso.

Além de ter criado um programa específico para tratar do uso indiscriminado de agrotóxicos em Santa Catarina, sempre em parceira com diversas organizações públicas e respaldo das Promotorias de Justiça, o MPSC também obteve recursos do Fundo para a Reconstituição de Bens Lesados – FRBL com a finalidade de monitorar alimentos produzidos e comercializados no Estado. São cerca de 1.200 amostras/ano de vegetais, água, e produtos de origem animal.

Nos dias 25 e 26 de março, o CCO, em conjunto com o Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional – CEAF e Centro de Apoio do Meio Ambiente – CME, realiza o Seminário sobre Agrotóxicos nos Alimentos, na Água e na Saúde, com a presença da médica pediatra Sílvia Brandalise, que conduz o Centro Boldrini, em Campinas (SP), reconhecido pelos resultados no aumento dos índices de cura da leucemia infantil.

Ela virá a Florianópolis para falar justamente sobre o impacto dos agrotóxicos na saúde humana, compartilhando painel ao lado do também Dr. Jackson Rogerio Barbosa (UFMT) e do Dr. Pablo Moritz (UFSC/CIAT-SC), ambos trazendo novos relatos da contaminação humana por ingredientes extremamente tóxicos.

Fonte: Centro de Apoio Operacional do Consumidor (CCO).

Serviço:

O que: Seminário sobre agrotóxicos nos alimentos, na água e na saúde.

Quando: 25 e 26 de março.

Onde: Auditório do Edifício-sede do Ministério Público do Estado de Santa Catarina.

PROGRAMAÇÃO

25 DE MARÇO
9H – ABERTURA – Composição de mesa com autoridades presentes.
9H30 – AGROTÓXICOS E SAÚDE – Moderadora: Dr. Rubens Nodari (UFSC); Palestrantes: Dra. Sílvia Regina Brandalise (CIB), Prof. Dr. Jackson Rogerio.
14H – AGROTÓXICOS E ÁGUA – Moderadora: Dra. Maria Cláudia S. Antunes de Souza (Univali); Palestrantes: Thais Araújo Cavendish (MS/CGVAM) e Dra. Larissa Mies
Bombardi (USP).
17H – REGULAÇÃO E COMÉRCIO DE AGROTÓXICOS – Moderador: Dr. Rodrigo Valdez de Oliveira (MPF/RS)
Palestrantes: Dr. Ricardo Miotto Ternus (SAR/SC) e Dr. Rafael Friedrich de Lima (SEAPI/RS).

26 DE MARÇO
9H – AGROTÓXICOS E ALIMENTOS – Moderador: Msc. Edilene Steinwandter (EPAGRI); Palestrantes: Dra. Elisabetta Recine (UNB), Dr. Renato Zanella (UFSM) e Dra. Ana Paula Bortoletto Martins (IDEC/NUPENS).
14H – REUNIÃO PLENÁRIA DO FÓRUM CATARINENSE DE COMBATE AOS IMPACTOS DOS AGROTÓXICOS E TRANSGÊNICOS – Dra. Larissa Mies Bombardi (USP)