O bem-estar animal é um assunto que não sai mais da pauta. Isso por conta da importância do assunto em todo o mundo. O Brasil, ao longo dos anos, vem se adequando para cumprir as recomendações da Organização Mundial da Saúde Animal – OIE em todas as cadeias de proteína animal. As novidades sobre o assunto foram abordadas pela médica veterinária e chefe de Divisão de Elaboração de Projetos e Coordenação de Boas Práticas e Bem-Estar Animal, do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa, Lizie Pereira Buss, durante o Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura – Siavs, que aconteceu de 29 a 31 de agosto, em São Paulo, SP. Na avicultura, segundo a servidora do Mapa, o bem-estar mira a melhoria do transporte das aves para corte e a ampliação do conforto para as poedeiras.

Foto Jader Nones

Esse tipo de melhorias, avalia a profissional, não só garante bem-estar animal e certifica ainda mais o Brasil como um produtor de excelência, mas também melhora a sanidade dos planteis, reduzindo desafios e, consequentemente, o uso de medicamentos e outros aditivos para tratar enfermidades, diminuindo os custos de produção.

De acordo com Lizie, o Brasil segue as recomendações da OIE e busca estar sempre o mais atualizado, conforme conhecimentos científicos. “Para isso, a Coordenação de Boas Práticas e Bem-Estar Animal – CBPA trabalha em conjunto com o setor privado, sociedade civil e pesquisadores, elaborando projetos para cada uma das cadeias produtivas, buscando melhorias para o bem-estar dos animais e para a sustentabilidade das cadeias, conforme demanda”, esclarece. Ela explica que, por exemplo, para a suinocultura o trabalho atualmente é com transportes e gestação coletiva; já para a avicultura o trabalho também se concentra em transporte e – no caso das aves de postura – estão sendo iniciadas discussões sobre melhores alternativas de alojamento. “Nosso foco é profissionalizar a produção animal, melhorar a gestão das propriedades, a qualidade e inocuidade dos produtos, além de, claro, elevar o grau de bem-estar dos animais envolvidos”, afirma.

Mais saúde

Lizie explica que atendendo a estes objetivos, também é possível suavizar o problema da resistência aos antimicrobianos. “Quando os animais estão sob constante desafio, como estresse, ambiente inadequado, alta densidade, desconforto térmico, entre outros, seu sistema imunológico fica fragilizado, demandando o uso praticamente constante de antimicrobianos e outros medicamentos”, esclarece. De acordo com ela, melhorando o ambiente dos animais, permitindo que expressem comportamentos naturais e que mantenham estados mentais positivos, os agentes da cadeia estão fortalecendo seu sistema imune, auxiliando a prevenção de doenças e reduzindo o uso de medicamentos, o que ainda ajuda a reduzir o custo para os produtores.

A médica veterinária comenta que é sabido que o Brasil tem muitas vantagens comparado a outros países, mas ainda é preciso evoluir na aplicação das recomendações da OIE a nível de campo, “naquilo que for aplicável a nossa realidade”, assim como é preciso desenvolver novos conhecimentos para esta realidade. “Precisamos estruturar a fiscalização e o monitoramento em bem-estar animal para termos dados e informações para mostrar a todos os demais mercados o grau de bem-estar dos animais de produção no Brasil”, afirma. Lizie conta que o Mapa possui vários projetos em andamento para criar o diálogo com produtores, associações, industrias e varejistas, também para fomentar a pesquisa e a capacitação.

Fiscalização

Na opinião da médica veterinária ainda é preciso o Brasil integrar mais a estrutura de fiscalização em saúde animal para monitorar o bem-estar dos planteis. “Da mesma forma, seria extremamente interessante utilizar a base de dados do Serviço de Inspeção Federal – SIF (SIGSIF) para realizarmos estes monitoramentos, visando direcionar ações mais específicas para estados ou regiões de maior demanda”, comenta. Para ela, esta integração traria uma melhor otimização dos recursos financeiros e humanos e daria ao Brasil argumentos sólidos para favorecer a imagem do produto no mercado nacional e internacional. “Também precisamos evoluir em normativas, pois estas são a base para negociação de equivalência entre os países e é efetivamente a internalização das recomendações nacionais, inclusive é um dos pilares da estratégia mundial de bem-estar animal da OIE, publicada em maio de 2017”, afirma.

Lizie cita que todos os órgãos públicos e privados, produtores, indústrias, veterinários do serviço oficial ou privado, devem entender dos conceitos de saúde e bem-estar únicos para que seja possível promover mudanças benéficas para toda a sociedade.

Fonte: O Presente Rural

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