Aliança Láctea Sul Brasileira discute as perspectivas para a cadeia produtiva do leite em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. Técnicos, produtores e representantes de entidades ligadas ao setor lácteo estiveram reunidos nesta terça-feira, 24, em Florianópolis para analisar o cenário atual e as possibilidades de mercado para este ano.
Segundo o especialista e colunista do site MilkPoint, Valter Bertini Galan, o principal desafio dos produtores de leite em 2016 está sendo os altos custos de produção, principalmente de grãos. “Os preços pagos ao produtor não caíram tanto, porém os custos de produção estão muito maiores do que no último ano e a tendência é de os preços do milho e da soja aumentarem ainda mais”.
Além disso, a demanda por produtos com maior valor agregado, como iogurtes e leite fermentado, diminui consideravelmente. No total, houve uma queda de 31,2% na procura por leite e derivados, em comparação com o último ano. Galan explica que a alta nos preços de custo e a queda na procura causaram também uma queda na produção de 6%, em relação a 2015.
Para o secretário adjunto da Agricultura e da Pesca de Santa Catarina, Airton Spies, o grande desafio do setor é produzir leite de alta qualidade a custo competitivo para então ganhar o mercado mundial. Para isso, o setor deve se organizar tanto nas propriedades quanto nas indústrias, com melhor logística, transformação e agregação de valor.
O setor deve se preocupar ainda com a melhora na qualidade do leite produzido, para poder competir com mercados já consolidados. Spies ressalta que a logística e a infraestrutura devem ser mais confiáveis para atender as demandas constantes de mercados exigentes. “Nós estamos falando de leite bom e com custos competitivos no mercado mundial. E para exigirmos qualidade e conformidade não tem como não pensarmos em pagarmos mais por um leite bom”.
A sanidade dos rebanhos também é uma preocupação dos três estados do Sul. Santa Catarina continua sendo o único estado do país certificado como área livre de febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e, junto com o Rio Grande do Sul, é também zona livre de peste suína clássica. “Nós fazemos um grande esforço para manter nosso status sanitário e buscamos também conscientizar o produtor da importância de rastrear seu rebanho e contribuir para a sanidade dos nossos animais”.
O diretor geral da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Otamir Martins, afirma que a produção de leite pode contribuir para que os agricultores permaneçam no meio rural com qualidade de vida e renda. Segundo Martins, no Paraná ainda existem indústrias ociosas o que significa que o estado pode produzir ainda mais.
De acordo com o secretário adjunto da Agricultura de SC, Airton Spies, o leite é a atividade do setor agropecuário que mais cresce e tem os maiores ganhos a incorporar com a utilização de tecnologia e organização da cadeia produtiva. “O leite é candidato a ser mais uma estrela do nosso agronegócio e nós precisamos preparar esse setor para ser competitivo no mercado, ou seja, ser capaz de produzir leite bom, a custo competitivo e com qualidade”.
Os integrantes da Aliança Láctea trataram ainda dos impactos na prorrogação do prazo para que a Instrução Normativa (IN) 62 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) entre em vigor. A IN 62 prevê, entre outros, a redução nos níveis de contagem de bactérias (Contagem Padrão em Placas – CPP) e Contagem de Células Somáticas (CCS), critérios importantes para definir a qualidade do leite produzido no campo.
Os novos parâmetros de qualidade do leite passarão a valer a partir de 01 de julho de 2018 para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Spies explica que a prorrogação dá aos produtores um tempo maior para que se adaptem às exigências, uma medida acertada já que muitos ainda não trabalham com os parâmetros definidos pela Instrução Normativa. “A prorrogação é um mal necessário, muitos produtores teriam prejuízos caso a IN 62 entrasse em vigor este ano. Porém, temos muito trabalho pela frente, nós precisamos investir cada vez mais na qualidade do leite produzido no Brasil”.
Aliança Láctea Sul Brasileira
A Aliança Láctea é uma iniciativa dos três estados do sul para desenvolver a cadeia produtiva do leite na região. Com problemas e oportunidades comuns, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul se unem em um fórum permanente que congrega produtores, governo e indústrias em busca de um desenvolvimento harmônico do setor.
Atualmente, o Oeste de Santa Catarina, noroeste do Rio Grande do Sul e sudoeste do Paraná são as regiões que mais crescem em produtividade do leite no Brasil. Com cerca de 300 mil produtores distribuídos por quase todos os municípios, o Sul é responsável por 33% da produção brasileira de leite. A expectativa é de que em 10 anos, a produção aumente 77%, chegando a 19,5 milhões de toneladas de leite por ano.
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Ana Ceron
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