Não é novidade para os catarinenses, que somos grandes consumidores de milho em nosso Estado. A produção local não é suficiente para abastecer nossos rebanhos e indústrias de rações e anualmente temos que trazer de outros estados e até do Paraguai, cerca de 2 milhões de toneladas do produto.O Governo do Estado há muitos anos tem procurado incentivar o plantio do cereal, criando programas para ampliar produtividade por hectare, oferecendo subsídios no calcário e na semente de alta tecnologia, para tentar reduzir o déficit do importante grão para atividade agroindustrial de suínos, aves e leite.
O tradicional programa troca-troca, coordenado pela Fecoagro, disponibiliza esses incentivos governamentais na semente e calcário, mas é voltado aos pequenos produtores, segmento com menor possiblidade de buscar milho no centro-oeste ou no Paraguai, reduzindo aos custos de produção, mesmo que seja para o milho de consumo nas propriedades. A ampliação da atividade leiteira em SC também tem provocado o aumento do cultivo de milho para forrageiras e com isso reduzido a área destinada à extração do grão para o mercado.
São diversos fatores que provocam o aumento de consumo e diminuição de oferta e a diferença entre produção e consumo tem se mantida e até aumentado, apesar dos programas de incentivos do Governo do Estado. Outra realidade é que o aumento nos custos de produção tem provocado fuga do plantio do milho.
Como se sabe para cultivar um hectare de milho os custos de produção são bem mais elevados do que para cultivar a soja. A par disso o preço da soja tem sido mais convidativo nessa safra. Essa realidade tem estimulado os produtores catarinenses e brasileiros, fugir do plantio de milho e ampliar a área de soja. Além de gastar menos na produção, tem tido preços melhores na soja, e menores no mercado milho.
Se preço menor no milho é bom para quem é criador, não é bom para o plantador do produto e assim se cria um paradoxo que precisa ser gerenciado pelo setor. As primeiras informações de intenção de plantio dessa safra de verão em SC são que haverá redução de área de milho em cerca de 20 por cento. Isso é muito para o Estado que precisa do produto. Evidentemente que essa realidade pode provocar outras consequências econômicas: a redução de área de milho reduz-se o consumo de fertilizantes e outros insumos, e isso provoca diminuição das vendas dos insumos, atingindo a movimentação econômica; a arrecadação de tributos; mexe no faturamento das cooperativas e casas do ramo e consequentemente no PIB – Produto Interno Bruto. Ainda é cedo para prognosticar crise no setor agropecuário, mas certamente o agronegócio catarinense não terá o mesmo desempenho do ano anterior, e que pese que para quem exporta carnes e grãos a situação atual é positiva, pois dólar em alta é bom, mas para que consome insumos agrícolas importados é negativa.
Qual a solução? O cooperativismo agroindustrial. O segmento está nas duas pontas. Importando e exportando. Pense nisso.
Fonte: Ivan Ramos – Diretor Executivo da Fecoagro.