Elizabeth Buss, 19 anos, abriu uma fábrica de bolachas artesanais em São Bonifácio, resgatando receitas antigas da família. Rodrigo Ressel, 20, ajudou os pais no processo de transição da atividade de fumo para a produção leiteira da propriedade de Papanduva. Matheus Gurke, 24, montou um plano de negócio que garantiu recursos públicos para uma nova estrutura para cultivo de verduras na fazenda da família, em Riqueza, no Extremo-Oeste do Estado. Essas são apenas algumas das histórias dos mais de mil participantes do Encontro de Jovens Empreendedores do Meio Rural, realizado nesta quarta-feira, 12, em Lages, na Serra Catarinense.
Presente na abertura do evento, o governador Raimundo Colombo destacou a força do agronegócio catarinense e a tradição das propriedades familiares. “O maior trunfo de Santa Catarina é o seu povo, seus valores comunitários, nosso modelo de desenvolvimento. E hoje estamos comemorando e renovando os nossos projetos que preservam esse modelo. Temos fortes ações para manter os jovens produtores no meio rural, medidas que ao mesmo tempo conservam e valorizam nossas tradições e qualificam e preparam nossos jovens para os novos desafios. O fato de hoje vermos mais de mil jovens aqui reunidos, com tanta motivação e energia, nos mostra que estamos no caminho certo, garantindo aumento de produtividade e agregando valor aos nossos produtos”, avaliou.
O secretário de Estado da Agricultura e da Pesca, Moacir Sopelsa, lembrou que as pequenas propriedades de agricultura familiar respondem por mais 70% da produção agrícola do Estado. “E o Governo do Estado valoriza esse modelo, apostando nos jovens produtores, fazendo com que eles tenham no campo as mesmas condições que se tem na cidade, com infraestrutura, telefonia e internet, energia e boas estradas. Com tecnologia e qualificação, vamos conseguir produzir ainda mais e também exportar cada vez mais”, ressaltou.
Os incentivos do Governo do Estado aos jovens empreendedores buscam combater o histórico problema do êxodo rural e o envelhecimento da população do campo. Na década de 1950, 77% da população total de SC estava no meio rural. Hoje são apenas 16%. Por meio de capacitação técnica, os programas catarinenses estimulam a liderança, o espírito empreendedor e a sustentabilidade dos jovens, desenvolvem iniciativas que agreguem valor aos produtos catarinenses e inserem os produtores no mundo digital.
“Nós últimos anos, tivemos inclusive a grata surpresa de ver jovens voltando para o meio rural, em busca de mais qualidade de vida. É claro que, para isso, eles também querem internet e estrutura e serviços básicos que antes não existiam no campo”, acrescentou o presidente da Epagri, Luiz Ademir Hessmann. Ele lembrou também do pioneirismo catarinense nesse cenário: “Não existe em outro estado da federação um modelo como o que desempenhamos em Santa Catarina, com treinamento para os filhos de agricultores para que eles possam construir um projeto de vida no meio rural”.
O encontro em Lages reuniu jovens que passaram pelos cursos de formação em Liderança, Gestão e Empreendedorismo promovidos pela Epagri desde 2013, com recursos do Programa SC Rural, vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca. Já foram realizados 26 cursos em 13 centros de treinamentos da Epagri. As formações duram de oito a dez semanas e são ministradas em etapas que mesclam teoria e prática. Para participar, basta procurar um escritório da Epagri para seleção, ter entre 18 e 29 anos e estar atuando no meio rural ou pesqueiro.
Até o final de 2015, a Epagri terá capacitado mais de 1.000 jovens, número que deve chegar a 1.500 em 2016. Eles recebem várias capacitações, desde uso de computadores, passando por noções de agronegócio até o gerenciamento de propriedades. Tudo voltado para que se possa montar o próprio negócio. O secretário de Estado do Turismo, Cultura e Esporte, Filipe Mello, também participou do evento, lembrando que nos cursos são oferecidos treinamentos de qualificação no setor turístico, outro potencial do meio rural.
Após a formação, os jovens têm a oportunidade de elaborar projetos individuais ou comunitários, levando em conta os aspectos sociais, culturais, ambientais e econômicos envolvidos. As melhores propostas são selecionadas e recebem apoio financeiro do SC Rural. O secretário executivo estadual do SC Rural, Julio Cezar Bodanese, explicou que o valor total de recursos que o Fundo de Investimentos Sustentáveis do SC Rural (FIS) estará aplicando nesses projetos especiais de jovens é de aproximadamente R$ 5 milhões, recursos a fundo perdido.
O Governo do Estado garante 80% do valor previsto para os projetos selecionados e o proponente tem um compromisso de aplicar 20% restantes como contrapartida. Os valores máximos de apoio para projetos individuais é R$ 10 mil. No caso de projetos coletivos, o valor máximo é de R$ 15 mil para cada jovem participante do grupo.
Hoje, estão sendo apoiados os projetos de 300 jovens formados nos cursos de 2013 e 2014. Já os que estão cursando em 2015 e os futuros de 2016 somarão outros 600 projetos, totalizando 900 iniciativas até o final do programa, envolvendo cerca de 1.500 jovens. Desde o início do programa, já foram abertos 425 novos negócios, entre fábricas de produtos como queijo, salame, compotas, pães, bolachas.
Empreendedores do campo
Para os jovens que participaram dos cursos, os resultados já aparecem de forma concreta. A fábrica de bolachas artesanais de Elizabeth Buss, de São Bonifácio, tem projeto para ampliação, com a inauguração de um café rural. E os bons resultados obtidos até agora levaram para a empresa o marido, a irmã e o cunhado de Elizabeth. Atenta às tendências e conectada, a jovem empreendedora também criou uma página da marca no Facebook para divulgação dos seus produtos.
Também qualificado pelo curso de empreendedorismo, Matheus Gurke, de Riqueza, teve projeto selecionado e garantiu verba pública para construção de uma estufa para cultivo protegido de verduras na propriedade da família. “O curso e o novo investimento uniram ainda mais a minha família e permitiram que eu e meu irmão assumíssemos mais responsabilidades na gestão da propriedade”, destacou.
Inclusão digital
Outra iniciativa voltada pelo mesmo público é o financiamento do kit informática para jovens rurais, implementada pela Secretaria da Agricultura e da Pesca em 2013. Por meio desta linha de financiamento do Fundo de Desenvolvimento Rural (FDR), os jovens podem adquirir equipamentos de informática para utilização na propriedade, obtendo um valor de até R$ 3 mil. O jovem tem um ano de carência e deve pagar o financiamento em três anos, tendo o benefício de 50% de desconto se fizer os pagamentos em dia. São atendidos os jovens da agricultura familiar e prioritariamente os jovens dos cursos de empreendedorismo do SC Rural. Desde 2012, foram aplicados R$ 3,8 milhões no programa, beneficiando 1.592 jovens.
Rodrigo Ressel, de Papanduva, foi um dos beneficiados, tanto pelo kit quanto pelo curso de empreendedorismo. Ele contou que hoje coloca todos os dados da administração em planilhas eletrônicas, facilitando a gestão da propriedade. “Todo esse apoio me ajudou a ver que é realmente isso que eu quero para minha vida, seguir os passos dos meu pais”, afirmou.
Zona livre de peste suína clássica
No encontro, o governador Raimundo Colombo também entregou ao presidente da Cidasc, Enori Barbieri, a certificação que reconhece SC como zona livre de peste suína clássica. O documentou foi entregue ao Governo do Estado em maio deste ano, em ato na França, promovido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).
O status representa um importante diferencial na conquista de novos mercados para o produto catarinense. A produção de carne suína em Santa Catarina é referência mundial. O Estado é o maior produtor e exportador brasileiro do produto, conta com 10 mil criadores integrados às agroindústrias e independentes e produz cerca de 850 mil toneladas de carne suína por ano.
Santa Catarina também já conta com outra importante certificação internacional: é o único estado brasileiro reconhecido como zona livre de febre aftosa sem vacinação, status certificado em 2007 pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).
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