A ampliação das normas de controle fitossanitário na importação de frutas pelo Brasil, especialmente no caso da maçã, foi defendida pelo presidente da Associação Brasileira de Maçã (ABM), Pierre Nicolas Pérès, durante audiência com o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Neri Geller. O objetivo da medida, apoiada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), é impedir a reintrodução da praga cydia pomonella já erradicada dos pomares brasileiros. Essa praga, infelizmente, ainda continua presente nos principais centros produtores do mundo, casos da Argentina, Chile, Estados Unidos e alguns países da União Europeia (EU), afirmou Nicolas Pérès, ao final da reunião.
O ministro Neri Geller entendeu as preocupações dos produtores de maçã e garantiu que, no menor espaço de tempo possível, deverá ser baixada Instrução Normativa ampliando as regras de controle sanitário para as frutas importadas pelo Brasil. O diretor-executivo da ABM, Moisés Albuquerque, disse que a principal preocupação está na “possibilidade de se perder investimentos feitos durante 15 anos para a erradicação da praga em consequência da falta de controle sanitário adequado na importação da maçã”. Segundo ele, com o embargo da Rússia às importações de frutas da União Europeia (UE) e a “excepcional safra colhida pelos europeus, certamente haverá excesso de oferta e o Brasil poderá importar a fruta de países onde a doença não está controlada”.
Prejuízos – Estudo da ABM mostra que a reintrodução da cydia pomonella nos pomares brasileiros traria prejuízos incalculáveis ao setor. Haveria perda de frutos com qualidade para o consumo da população, levando ao reforço das aplicações de agroquímicos, além do possível fechamento do mercado internacional às importações de maçã brasileira. O controle da praga é difícil e de custo elevado, segundo os números apresentados ao Ministro Neri Geller pelos produtores e a CNA.
No ano passado, o Brasil importou 100 mil toneladas de maçã, especialmente da Argentina, Chile, Uruguai e Estados Unidos, além de países europeus. A grande preocupação dos produtores, segundo a CNA, está na possibilidade de a praga ser reintroduzida no país a partir da importação da maçã, o que geraria enormes prejuízos financeiros devido aos gastos dos produtores visando ao controle e à erradicação da doença. A maçã é a terceira fruta mais consumida pelos brasileiros, ficando abaixo apenas da banana e da laranja.
A produção de maçã no Brasil responde por 115 mil empregos diretos e indiretos, mantendo no campo 58 mil trabalhadores e uma área plantada de 38 mil hectares, concentrada, principalmente, em Santa Catarina. A produção interna está estimada em 1 milhão e 300 mil toneladas, segundo números de 2013. O controle da praga é complexo, lembrou Moisés Albuquerque, porque os “ovos são depositados isoladamente nos frutos e as larvas, quando recém-eclodidas, procuram um lugar por onde entrar no fruto: penetram na polpa e se alojam junto às sementes”.
Fonte: Grupo Cultivar