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O setor de ovos vem convivendo, nos últimos anos, com as inconstâncias do clima que assolam o setor do agronegócio. E no início deste ano o calor e o clima seco têm sido desafios específicos, pondo à prova o avicultor e o manejo das aves.

Na região de Ribeirão Preto, no Nordeste Paulista, o calor provocou a queda na produção de ovos e consequente aumento no preço do produto. O clima quente faz com que galinhas se alimentem menos e, mesmo com as chuvas que começaram a cair na região – e em outros pontos do Estado -, aves ainda demoram para se readaptar.

Segundo reportagem da EPTV, afiliada da Rede Globo na região, a queda na produtividade já pode ser vista nas prateleiras do supermercado. O preço do ovo aumentou 30% em apenas uma semana. Segundo o veterinário José Eduardo Costa, a temperatura nas granjas nos dias de calor ultrapassa 40 graus, quase o dobro do ideal para a galinha. Assim, o animal bebe mais água, come menos e, consequentemente, bota menos ovos.”A galinha ingere menos ração no calor”, explicou Costa à reportagem da Globo. “A temperatura elevada faz com que ela comece a tomar bastante água para tentar se refrescar, e com isso a ingestão de ração é diminuída. O reflexo, de modo geral, é uma queda na produção, além da produção de um ovo menor, devido à menor quantidade de alimento ingerida.”

De acordo com Costa, o animal, que em condições normais poderia produzir de seis a 6,3 ovos por semana, agora produz de 5 a 5,8 ovos. A situação é ainda mais grave para as aves vermelhas, mais pesadas que as brancas. “A galinha vermelha sofre ainda mais porque a capacidade de dissipação de calor é menor que a da galinha branca, que tem pelo menos 300 g a menos que uma galinha vermelha”, explica.

José Roberto Fratucci, gerente de um supermercado na região de Ribeirão Preto, disse que a menor oferta do produto influencia diretamente no preço, que já está 30% mais caro nas prateleiras. “A previsão é de que tenha ainda mais aumento por conta da escassez. É possível que não pare nesse patamar de R$4,00 a dúzia para o consumidor final. Chegou mais caro, a gente tem que repassar o aumento. Não é possível absorver tudo”, argumentou Fratucci à reportagem da Rede Globo.

Apesar das chuvas que caem na região, a produção de ovos só deve voltar à normalidade em algumas semanas, conforme explica o avicultor Choichi Saito, de Guatapará, colônia produtora de ovos localizada próxima a Ribeirão. Segundo Saito, o organismo da galinha demora para se readaptar ao clima. “A situação só melhora se a temperatura abaixar. Mesmo que chova, a galinha já se desgastou muito. Até o animal voltar a comer normalmente e se readaptar são três semanas”, conclui.

Esse é, portanto, um momento de desafios, conforme análise do Cepea, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da ESALQ/USP. Segundo o Centro, as temperaturas elevadas e a falta de chuva vêm prejudicando a produção de ovos em todas as regiões pesquisadas. Alguns produtores chegam a relatar falta de produto. Além disso, o clima seco já começa a se tornar um obstáculo para quem produz e precisa tomar medidas de racionamento de água.
De acordo com levantamentos do Cepea, a diferença entre os preços dos dois tipos de ovos – branco e vermelho – segue elevada em algumas localidades, devido à oferta mais restrita do vermelho. As dificuldades na criação de poedeiras vermelhas por conta de questões sanitárias continuam. Do lado da demanda, apesar de o calor limitar o consumo, o início do mês – que se traduz em recebimento de salário – somado ao período de volta às aulas têm estimulado as compras.”

Fonte:  A Hora do Ovo