Setor em Campo Alegre já sente a quebra na produção devido às temperaturas altas registradas durante este verão.
Agricultores de algumas localidades do interior campo-alegrense já margam prejuízos causados pelo calor excessivo somado à ausência das chuvas. Com o verão mais rigoroso, o cálculo exato das perdas serão contabilizados no momento da colheita. Mesmo assim, muitos já sabem que as expectativas de quantidade e qualidade dos produtos colhidos serão mais baixas.
De acordo com o Sindicato dos Produtores Rurais de Campo Alegre, a região mais afetada foi em Bateias de Cima, com cerca de 40 propriedades. Lá, além da estiagem, os produtores também sofreram com uma forte chuva de granizo na semana passada. “No fumo, muitos tiveram perda total, além de produtores com perda de até 70% da plantação”, afirma o presidente do sindicato, Zezo Munhoz.
Na propriedade de Vanderlei Fucknet, em Bateias de Cima, foram 17 hectares de milho prejudicados pelos fatores climáticos. “A colheita era pra fechar em torno de 8,4 toneladas de milho por hectare. Depois dessa, não sei se consigo chegar a 6 toneladas”, lamenta. Além do milho, a lavoura de fumo de 32 mil pés foi totalmente destruída pelo granizo. Ainda no início desta semana, ele retirou o que foi possível aproveitar do fumo. Para sanar parte do prejuízo, ele junta a papelada para recorrer ao seguro.
“O fumo eu consigo cobrir parte por intermédio da Afubra, porém, quanto ao seguro do milho, a burocracia é muito grande. Nunca peguei uma quebradeira dessa em toda a vida trabalhando na lavoura”, conta o agricultor. Na Serrinha, o prejuízo foi exclusivamente por conta da seca. Na propriedade de Leonides Hoff, foram cerca de 15 dias sem chuva. Dos 50 hectares de feijão plantados, pelo menos 14 deverão ser colhidos com duas semanas de antecedência devido à manutenção precoce causada pelo sol em excesso.
“Pode ser cedo para falar em números, mas já espero um prejuízo entre 10 e 15% no feijão”, calcula Hoff. O milho plantado para fazer silagem e, posteriormente, para ser utilizado na alimentação animal, também apresentou queda na qualidade. “Em vez de aspecto de farelo, a consistência está mais leitosa por dentro do grão. Isso gera desvantagem na engorda do gabo”, explica o produtor. O desgaste dos pés de milho é bem visível; as folhas estão secas até a ponta, prejudicando as espigas.
Na soja, as perdas são menores, pois o plantio e a colheita ocorrem um pouco depois do milho. A falta de chuva derrubou as vagens de soja, parte da planta onde se formam os grãos. “Com a baixa precipitação, o milho na fase de embonecamento da espiga e de enchimento de grãos foi afetado, assim como a soja em estágio de floração”, explica o engenheiro agrônomo Gilson Brunnquell. A seca também está visível pelas árvores da cidade. Plátanos, acers e demais árvores com folhas que secam apenas na transição do outono para o inverno do outono para o inverno já apresentam coloração amarela e boa parte já secas e caídas.
Fonte: Jornal A Gazeta – São Bento do Sul