Foto: ASCOM/CIDASC

A ampla utilização dos agrotóxicos em vários ambientes representa risco à saúde do trabalhador e da sociedade. Embora todos estejam expostos à ação dos agrotóxicos em maior ou menor grau, os trabalhadores são os que mais sofrem os efeitos da dupla (trabalho e ambiente) ou tripla (trabalho, ambiente e consumo) exposição.

A exposição ocupacional e/ou ambiental a agrotóxicos está relacionada com diversos efeitos sobre a saúde humana, incluindo alterações subclínicas e clínicas, intoxicações agudas e/ou crônicas, podendo até ser fatais.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o uso intensivo de agrotóxicos representa um dos fatores de risco mais relevantes para a saúde, apresentando em geral, como efeitos crônicos a esta exposição, o desenvolvimento de câncer, má formação de fetos e danos para o sistema nervoso endócrino (WHO, 2004.)

O modelo de desenvolvimento agrícola brasileiro permeia hoje por grandes empresas agrícolas e agroexportadoras, calcado no plantio intensivo de monoculturas que são produzidas a partir de técnicas de engenharia genética e intensivo uso de agrotóxicos, com alta mecanização e redução de mão de obra no campo. Isso coloca o Brasil como país de maior consumo mundial de agrotóxicos.

A utilização indiscriminada destes insumos na produção traz riscos à saúde e insegurança ao consumidor. Assim, há uma demanda pelas Políticas Públicas, em Defesa Agropecuária, que estabeleçam as normas e meios de monitoramento da qualidade dos produtos ofertados no mercado e de Programas de Educação Sanitária Agropecuária, fortalecidos e bem implantados.

A ação de fiscalização sobre o comércio e uso de agrotóxicos, bem como o monitoramento dos resíduos nos alimentos, tornam-se ações inócuas com a ausência de programas educacionais, propiciando que ação fiscalizadora do estado seja mal entendida e de efeitos efêmeros.

Para que o serviço de Defesa Agropecuária tenha a capilaridade e a aceitação de suas práticas pela sociedade, é necessário um trabalho amplo de educação sanitária em conjunto com os profissionais da área da saúde, agricultura e meio ambiente, que prepare esta mesma sociedade, para reconhecê-las como de seu interesse e assim, conscientemente, se dispor a conhecer, aceitar e praticar as ações normatizadas e preconizadas.

“A ação de fiscalização sobre o comércio de agrotóxicos, bem como o monitoramento dos resíduos nos alimentos, tornam-se ações inócuas com a ausência de programas educacionais.” 

A produção agrícola depende muito da educação. Em Santa Catarina, o setor ostenta níveis de eficiência e sanidade entre os melhores do mundo, mas sua evolução e manutenção estão ligadas à busca permanente de informações e de aplicações do conhecimento. Desta forma, projetos destinados a informar o universo da produção de alimentos são essenciais, principalmente aqueles voltados para as crianças e aos jovens.

Cabe aos estudantes de hoje, através da adequada orientação, a promoção para o desenvolvimento rural sustentável e a garantia de segurança alimentar da população para o futuro.

Fonte: Patrícia A. Barroso Moreira para a Revista CREA SC