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Único estado brasileiro autorizado a exportar carne suína ao Japão, Santa Catarina passa a concorrer com fornecedores como Estados Unidos, Canadá e Dinamarca no abastecimento do mercado japonês. Os desafios e as oportunidades que surgem nesse novo cenário foram debatidos na abertura da sexta edição do Simpósio Brasil Sul de Suinocultura, na noite desta terça-feira, 13, em Chapecó. O secretário de Estado da Agricultura e da Pesca, João Rodrigues, representou o governador Raimundo Colombo no evento.

O secretário defendeu que a abertura de mercados como o japonês representam um grande passo para garantir estabilidade para a suinocultura catarinense, setor que nos últimos anos passou por diferentes momentos de crise diante do alto custo de produção e da oscilação dos preços pagos aos produtores. “A melhor maneira de contornar uma crise é com trabalho. Por isso, buscamos novos mercados. O Japão é um país muito exigente, mas muito qualificado. É o maior comprador e um excelente pagador e essa parceria vai se transformar em melhor renda para os pequenos produtores do Estado”, destacou João Rodrigues.

A entrada da carne suína catarinense foi autorizada pelo governo japonês em maio deste ano. Em junho, o governador Raimundo Colombo esteve em Tóquio para oficializar a parceria histórica. Oito frigoríficos de cinco empresas foram habilitados a exportar carne suína ao mercado japonês nesta etapa: BRF (com as unidades de Campos Novos e de Herval D’Oeste), Seara (unidades de Seara e de Itapiranga), Pamplona (Rio do Sul e de Presidente Getúlio), Aurora (Chapecó) e da Sul Valle (São Miguel do Oeste). Os primeiros embarques foram enviados em julho e chegam ao Japão no final deste mês.

Seminário

A principal atração do evento desta terça foi o painel “Qualidade da Carne Suína Catarinense e o Mercado Japonês”, promovido pela Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca e ministrado pelo adido agrícola na Embaixada do Brasil em Tóquio (Japão), Gutemberg Barone de Araújo Nojosa. Santa Catarina já é o maior produtor nacional de carne suína, respondendo por um quarto do total produzido no país. Da média de 800 mil toneladas produzidas por ano no Estado, o mercado internacional consome cerca de 200 mil toneladas.

Barone lembrou que os japoneses têm algumas exigências específicas quanto a carne suína, como maior percentual de gordura e alta maciez, e defendeu que as empresas trabalhem campanhas de marketing demonstrando que estão preparando um produto próprio para o paladar desse novo mercado. O representante da embaixada ressaltou, ainda, os desafios de logística, lembrando que um produto que deixa os EUA ou o Canadá leva cerca de 15 dias para chegar ao Japão, enquanto o embarque brasileiro com o mesmo destino demora entre 40 e 45 dias. “As empresas precisam se planejar muito bem para isso. Uma vez feito o contrato, precisam cumprir o prazo determinando, mantendo a qualidade do produto. Os compradores japoneses são muito rigorosos”, destacou Barone.

Apesar dos desafios, ele reconhece que o cenário apresenta muitos pontos favoráveis também. Barone destacou que as agroindústrias catarinenses estão situadas e bem consolidadas no Japão, porque já vendem carne de frango lá. Hoje, 90% da carne de frango consumida no Japão é brasileira, sendo que cerca de 60% é catarinense. A expectativa do Governo do Estado é de que quem já compra carne de frango também passe a comprar a carne suína.

O painel desta terça contou, ainda, com a presença de autoridades como o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo; o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipesc), Rui Vargas; e o presidente da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), Enori Barbieri. O Simpósio Brasil Sul de Suinocultura, promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnicas (Nucleovet), é considerado um dos mais importantes eventos técnicos com a missão de debater tendências e antecipar temas e tecnologias relacionadas à produção de suínos. O encontro segue até esta quinta, dia 15, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nês. A programação completa está no site www.nucleovet.com.br.

A importância do Japão

A liberação do mercado japonês foi um longo trabalho, iniciado em 2006, e que, nos últimos anos, contou com o empenho do governador Raimundo Colombo nas negociações, em parceria com os órgãos do governo federal e das próprias indústrias. O Japão é o maior importador de carne suína do mundo, comprando o equivalente a 1,2 milhão de toneladas por ano. E tem o diferencial de que os japoneses pagam melhor do que os outros países porque compram cortes específicos e de valor agregado (sem osso) e fazem contratos de longo prazo. Trata-se também de um mercado que é referência internacional no setor. Ou seja, o aval dos japoneses deve agilizar a negociação para venda de carne suína catarinense para novos destinos, como Coreia do Sul e União Europeia, que já estão em negociações com o Governo do Estado.

O secretário João Rodrigues lembrou que, historicamente, os japoneses só importavam carne suína quando todo o país de origem possuía o status de área livre de aftosa, mas foi aberta uma exceção para os catarinenses, diante da qualidade do trabalho sanitário – Santa Catarina é o único Estado brasileiro livre de febre aftosa sem vacinação. A última ocorrência de febre aftosa em Santa Catarina foi em 1993. O Estado suspendeu a vacinação em 2001 e em 2007 garantiu a certificação com área livre de febre aftosa sem vacinação, emitida pela Organização Internacional de Saúde Animal (OIE).

Fonte: Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca