Presidente da CIDASC, Enori Barbieri, aponta destaques do período, mas anuncia: a situação deve mudar em 2014.
O melhor período do agronegócio catarinense. É assim que Enori Barbieri, presidente da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (CIDASC) define o primeiro semestre de 2013. Para ele, a positividade foi absoluta em todos os setores – tanto na cadeia agrícola quanto na pecuária. Isso porque, se comparado à situação no ano passado, o agronegócio não teve diminuição de produtividade. O preço dos produtos subiu acima da média, mas o ganho em todos os segmentos prevaleceu.
Em entrevista, Barbieri destacou os fatores que causaram este resultado. “Não faltaram juros baratos, crédito e muito dinheiro à disposição dos produtores. Renovação de frotas, tecnologia agregada e mais produtividade, através da diminuição de custos, também foram evidentes nos seis primeiros meses do ano”, aponta.
Prova desse sucesso é o ranking das 400 maiores empresas do agronegócio no Brasil, destacadas pelo anuário Maiores & Melhores, da revista Exame. Na lista, 22 posições são ocupadas por companhias catarinenses. São elas: Bunge (em 2º lugar), BRF (5º) Aurora Alimentos (24º), Seara (35º), Cooperalfa (64º), Pamplona (134º), Copérdia (144º e em 16º lugar entre as 50 maiores), Coopercampos (151º), Gomes da Costa (152º), Cremer (164º), Parati (188º), Adami (219º), Dohler (245º), Viposa (251º), Karsten (257º), Cravil (261º), Cooperja (286º), Metisa (317º), Teka (345º), Tedesco (366º), Buschle & Lepper (374º) e Linhas Círculo (379º). Juntas, elas fecharam 2012 com vendas líquidas acima dos R$ 100 milhões.
Japão: mudanças drásticas no setor
Com a abertura do mercado japonês para a carne produzida em território catarinense, os preços internacionais também aumentaram – o que fez com que as receitas de recuperação crescessem. O resultado disso foi um aumento na rentabilidade das empresas. “Não estamos mais em fase de fronteiras agrícolas. Máquinas e áreas prontas já estão consolidadas, o que requer menos investimentos e maior produtividade”, assinala Barbieri.
Ele garante que, com as oportunidades de exportação para o continente asiático, o cenário do agronegócio catarinense vai mudar drasticamente. “Como somos o único no Brasil que pode atingir este mercado, não tenho dúvidas de que o Japão vai fazer história em Santa Catarina. No ano passado foram 180 mil toneladas de carne suína. No ano que vem, esse número deve ultrapassar 200 mil. Vamos poder ampliar a produção pela conquista do mercado”, prevê.
Produtores precisam se envolver mais
O envolvimento cada vez mais intenso dos dirigentes sindicais rurais com o agronegócio foi outro fator que possibilitou os bons resultados nos seis primeiros meses do ano, segundo Barbieri. Porém, este quadro precisa ser melhorado.
“O produtor que não tem conhecimento de mercado precisa estar atento ao que acontece ao seu redor. Sem isso, o crescimento não existe”, diz. “As vendas precisam de planejamento e estratégia, características que devem ser cultivadas pelos dirigentes”, acrescenta.
Os desafios do setor
Apesar do otimismo do primeiro semestre, o agronegócio em Santa Catarina ainda enfrenta desafios. Segundo Barbieri, a situação pode se estabilizar ou decrescer no ano que vem. Por isso, a preparação para a queda deve começar agora. “Até 2014 os estoques mundiais estarão em recuperação, e o mercado irá sentir o impacto dessa diferença na economia. Os resultados serão mais tímidos, mas, ainda assim, poderemos nos manter em um patamar satisfatório”, explica o presidente da Cidasc. “Basta que o setor aproveite o bom período para planejar os próximos meses”, acrescenta.
A condição de estado exportador e o aumento da produtividade também são fatores que demandam atenção. “Somos o quinto estado brasileiro que mais produz leite, com cerca de 170 mil unidades produtivas. Estamos crescendo o dobro, em comparação à média nacional. Os números não mentem: Santa Catarina sai na frente em muitos setores do agronegócio. Mas é preciso manter esse quadro, investindo fortemente na solução dos problemas que cercam os negócios”, atenta Barbieri.
A importância da profissionalização
A capacitação é uma das soluções para otimizar o trabalho. O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Santa Catarina (Senar/SC), por exemplo, oferece treinamentos gratuitos. Neste mês de agosto, o órgão disponibiliza 425 opções de cursos, com o objetivo de beneficiar 6,8 mil produtores rurais de todo o Estado.
Segundo o superintendente do Senar/SC, Gilmar Zanluchi, a missão da entidade é desenvolver ações de formação profissional rural e atividades de promoção social, contribuindo para profissionalização, integração na sociedade, melhoria da qualidade de vida e pleno exercício da cidadania. “Sem o agricultor, não existe negócio. Ele também precisa conhecer o mercado”, complementa Barbieri.
Fonte: Portal Noticenter