Imagem Ilustrativa – Lagarta da Espiga

A identificação de uma nova espécie de praga nas lavouras de milho no Brasil mobilizou um grupo de pesquisadores da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) a criarem ações emergenciais para controle da Helicoverpa armigera, muito próxima de uma espécie mais comum e já conhecida pela maioria dos agricultores, a lagarta-da-espiga, ou Helicoverpa zea. As ocorrências de maior severidade foram registradas no Oeste da Bahia, causando perdas elevadas na produtividade, mesmo com a aplicação de inseticidas químicos.

O que torna a praga importante e severa é o fato de possuir alta mobilidade, polifagia, alta taxa de reprodução e resistência aos inseticidas. Uma das características que tornam essa lagarta ainda mais severa é seu ciclo de vida, que é em torno de um mês, o que permite a existência de várias gerações anuais e contínuas, especialmente nas áreas mais quentes. Ivan Cruz, pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Fitossanidade da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), explica que ocorrem seis estágios larvais e a larva pode chegar a até 40 mm de comprimento quando completamente desenvolvida. A pupa é marrom escura e tem entre 14 mm e 18 mm de comprimento, com superfície lisa, arredondada, tanto anterior como posteriormente, com dois espinhos paralelos na ponta posterior.

Segundo o pesquisador Fernando Hercos Valicente, do Núcleo de Biologia Aplicada da Embrapa Milho e Sorgo, estão sendo identificados genes promissores de Bt que possam ter eficiência comprovada contra a Helicoverpa armigera. “Estamos iniciando os testes e podemos ter algum sucesso no controle da praga”, antecipa. Segundo ele, a próxima etapa é a multiplicação dos agentes por biofábricas, primeiro em escala piloto, fase que deve ser feita por atores que tenham interesse na tecnologia desenvolvida pela Embrapa.

Ivan Cruz reforça que o principal agente de controle biológico, para liberação em nível de campo, para o controle de ovos de diversas espécies de Lepidoptera são as vespinhas do grupo Trichogramma, um inseto diminuto, porém com alta eficiência no controle das pragas. “A liberação desse agente de controle biológico deve estar associada com armadilha contendo feromônio sexual que, ao ser utilizado no campo, serve para detectar a chegada da mariposa na área-alvo e indicar a época de liberação. A armadilha, bem como o feromônio sexual, já está disponível no mercado internacional”, explica o pesquisador.

A Embrapa disponibilizou, em seu portal, o serviço Alerta à Helicoverpa, com informações técnicas sobre a nova praga e medidas de controle. A Embrapa Milho e Sorgo também criou, na primeira semana de abril, o hotsite “mipmilho”, com ações relacionadas ao Manejo Integrado de Pragas.

Fonte: Portal Economia SC