Imagem Ilustrativa

Uma boa dieta alimentar pode melhorar a qualidade de vida e diminuir a ocorrência de doenças. A má nutrição tem contribuído anualmente para a morte de milhões de crianças a cada ano em países em desenvolvimento. A deficiência de ferro afeta mais de 3,5 bilhões de pessoas, sendo responsável por milhares de mortes de mulheres durante o parto e de abortos espontâneos anualmente, segundo pesquisa do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar).

O Iapar desenvolve trabalhos relacionados à biofortificação de alimentos básicos como arroz, feijão, milho, mandioca e trigo e aposta na melhoria nutricional para reduzir uma série de deficiências provocadas pela falta de determinadas substâncias no organismo. Em geral, as principais faltas de nutrientes no organismo são de ferro, zinco e vitamina A. A carência de ferro resulta em anemia, a de zinco compromete o sistema imunológico e a de vitamina A leva a cegueira, retardamento do crescimento e desordens reprodutivas.

Mas afinal, o que é a fortificação?

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) define biofortificação como “o processo utilizado para aumentar o conteúdo nutricional de micronutrientes, como vitaminas e minerais específicos, das porções comestíveis das plantas utilizadas como alimentos, o que pode ser feito através de técnicas de melhoramento convencional de plantas ou através da biotecnologia”.

“Esse processo representa uma estratégia importante para reduzir a desnutrição da população e possibilitar que famílias carentes melhorem a dieta e a saúde”, afirma a pesquisadora Vânia Moda Cirino, responsável pelos trabalhos no Iapar.

Vânia explica que o enriquecimento de alimentos pode ser feito por meio de métodos de melhoramentos convencionais. Segundo ela, os trabalhos científicos demonstraram a existência de variabilidade genética nas espécies estudadas para qualidade nutricional. “Em alguns casos, uma variabilidade genética é herdada em alta proporção e facilita a seleção de materiais nutricionalmente superiores, com incorporação dessa característica em variedades adaptadas às condições de cultivo de pequenos produtores”, explica.

Mercado

Muitas dessas variedades desenvolvidas pelos institutos de pesquisa já estão no mercado e servem até mesmo de inspiração para o desenvolvimento de produtos industrializados mais ricos em micronutrientes.

Pepsico, por exemplo, está investindo na elaboração de salgadinhos de milho e batata-doce. Os primeiros projetos da empresa, em parceria com a Embrapa, começaram em 2011. “A Embrapa nos procurou para avaliarmos o potencial de ampliar a utilização de raízes e grãos que, naturalmente, forneciam uma quantidade de pró-vitamina A, ferro e zinco acima dos padrões normais, resultado de melhoramento genético, para a produção de salgadinhos”, conta Sérgio Júlio, diretor de Pesquisa & Desenvolvimento da Pepsico Brasil.

O trabalho com as sementes fortificadas, de acordo com ele, é realizado nos laboratórios de 12 unidades da Embrapa em todo o Brasil, com coordenação da pesquisadora Marília Nutti. O objetivo dos trabalhos, ele afirma, é promover uma dieta com maior quantidade desses nutrientes. “Isso significa melhorar ainda mais o valor nutricional de nossos produtos e de forma natural”, ele explica.

As pesquisas ainda estão em fase laboratorial e a empresa ainda não definiu qual produto será ofertado ao mercado. Sérgio acredita que muitos estudos devem ser feitos para comprovar o benefício dos alimentos pesquisados, mas ele acredita que a parceria vai promover muitos benefícios para os consumidores.

Grão enriquecido

Neste mês de maio, a Embrapa lança uma cultivar de milho com quantidade de pró-vitamina A (carotenoides) cerca de quatro vezes superior à encontrada em cultivares comuns do cereal. Segundo a Embrapa, o milho biofortificado – que será identificado pela sigla BRS 4104 – é específico para programas sociais, como os de merenda escolar. O trabalho de transferência de tecnologia vem sendo feito por meio de multiplicação de sementes pelas comunidades parceiras.

Fonte: Hanny Guimarães – Globo Rural