A crise de abastecimento do milho e os altos custos de produção que prejudicaram a produção suinícola do País em 2012 estão entre as principais preocupações do setor para o ano que se inicia. Com o objetivo de prevenir que transtornos como esses voltem a ocorrer, representantes dos produtores de suínos de todo o Brasil se reuniram ontem, em Brasília, para traçar uma agenda de prioridades do setor e, após, apresentá-la ao ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho.
Os valores elevados de milho e soja, aliados aos baixos estoques governamentais, impactaram os custos de produção, fazendo-os chegar a R$ 3,00 por quilo vivo na região Sul, onde os produtores independentes recebiam R$ 2,00 por quilo vivo, com uma margem considerada apertada. “Em outros lugares do Brasil, os produtores apenas cobriam os custos, tendo rentabilidade zero”, informou o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes.
Para evitar que isso volte a ocorrer, as lideranças pediram ao ministro que fosse reformulada a venda a balcão, facilitando o acesso dos criadores ao produto, um dos principais componentes da ração formulada para os animais. “Os estoques públicos chegaram a zerar no ano passado, e isso não pode ocorrer, pois na hora que o produtor precisa da intervenção do governo para baixar os preços, não tem milho para negociar”, disse o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador.
De acordo com o ministro, até março será publicada portaria interministerial autorizando o lançamento de Contratos de Opção de Venda para aquisição do cereal por meio de leilões públicos a serem realizados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “Sabemos da necessidade da recomposição de estoques e lançaremos contratos com preços adequados para essa finalidade”, explicou.
Folador destacou ainda a preocupação do setor com os valores elevados do cereal, que conforme especialistas, devem se manter entre R$ 27,00 e R$ 29,00 a saca de 60 quilos na safra atual. “Esses valores estão atrelados à oferta e à demanda e devem se manter altos, mesmo em plena safra, não há o que fazer. A única saída é recorrer aos estoques do governo, e por isso eles devem estar regulados”, destacou Folador.
O tema da sanidade também está entre as prioridades, com a preocupação de que o ministério da Agricultura mantenha o orçamento para investimentos na área. “Com a abertura de novas fronteiras para a suinocultura brasileira, não podemos descuidar da sanidade e dos investimentos no Plano Nacional de Sanidade, com um controle de qualidade rígido”, defendeu Lopes. Sobre a participação dos suínos na Expointer, Folador disse que os produtores estão buscando alternativas para retornar à feira, com a presença de poucos animais. Também foi solicitada a aprovação do preço mínimo da suinocultura. Na pauta, foi incluída a demanda de aprovação da regulamentação das integrações e a renegociação das dívidas dos produtores.
As áreas de pastagens brasileiras diminuíram 8% entre 1975 e 2011, período em que o efetivo de bovinos dobrou, passando de 102,5 milhões para 204 milhões de cabeças. As informações são da Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a partir da análise de dados do IBGE.
Segundo o levantamento, em 1975 a área de pastagens naturais e plantadas era de 165,6 milhões de hectares. Em 2011, esse valor caiu para aproximadamente 152 milhões. O resultado auxiliou no aumento da produtividade agropecuária brasileira entre 2001 e 2009 de 4,04% – uma das mais altas do mundo junto com a China, de acordo com o coordenador de Planejamento Estratégico do Mapa, José Garcia Gasques. “Como a atividade pecuária tem um peso expressivo no produto bruto da agricultura, o aumento da produção de carnes afeta os níveis de produtividade”.
Entre os fatores que explicam o crescimento produtivo nacional nos últimos anos estão os investimentos em rodovias, pesquisas, telecomunicações, irrigação e energia elétrica. Além destes, o aumento do crédito agrícola disponibilizado.
A Região Sul do Brasil concentra 96% da produção do tabaco brasileiro, com 710 mil toneladas produzidas na safra 2011/12. O município gaúcho de Venâncio Aires ocupa a liderança do ranking, com mais de 24 mil toneladas, de acordo com dados da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra).
O ranking mostra o avanço de municípios localizados fora da tradicional região da cultura, o Vale do Rio Pardo. O segundo produtor, por exemplo, é Canguçu, na região Sul do Estado. O município possui o maior número de minifúndios do Brasil, com 14 mil propriedades rurais, segundo o IBGE. Responsável por um acréscimo de cerca de R$ 100 milhões na economia local, a cultura do tabaco é a principal atividade agrícola de Canguçu.
Fonte: Jornal do Comércio