Foto: Luiz Claudio Todeschini

O trabalho em Defesa Sanitária Animal – DSA, envolve a prevenção, controle e erradicação de doenças em animais. Para isso freqüentemente há necessidade de sacrificar vidas de alguns animais.

O Programa Nacional de Controle de Raiva dos Herbívoros- PNCRH, é um trabalho que busca controlar a disseminação do vírus rábico à população de animais domésticos e por conseqüência ao homem, através do controle populacional de morcegos hematófagos (Desmodus rotundus).

Controle populacional, significa manter o números desses mamíferos e um nível que não represente risco de transmissão do vírus rábico em grande escala, mas não os elimina radicalmente, pois os mesmos desempenham seu papel na natureza.

O vírus rábico se mantém na natureza em animais silvestres (morcegos e demais mamíferos, como cervos, capivaras, quatis, cutias, gatos do mato, graxains, veados campeiros), levando esses animais à morte. A transmissão aos animais domésticos é efetuada pelo elo que se alimenta do sangue de todos os mamíferos, os morcegos hematófagos; que também são afetados e morrem, porém, antes disso o disseminam a muitos outros animais; já que seu repasto de sangue é diário.

Os trabalhos de controle populacional de morcegos hematófagos, compreendem a localização de seu habitat natural (furnas e outros lugares escuros e com alta umidade), a notificação de casos de mordeduras em animais domésticos, a captura através de redes e a eliminação parcial, pela aplicação de uma pasta a base de warfarina (anticoagulante) e soltura dos mesmos, que ao retornar aos seus abrigos a repassarão aos outros membros do grupo por contato a pasta, eliminando assim parte do grupo.

Em nossa última incursão noturna para controle populacional de morcegos hematófagos, na localidade de Bambuisal, interior de Xanxerê; nos deparamos com uma armadilha deixa inadvertidamente pelo homem: um poço escavado em meio a mata e abandonado. Ao projetar o foco da lanterna para verificar a profundidade, ao fundo uma surpresa nos aguardava: a imagem aflita de um dos maiores marsupiais do Sul do Brasil, da família dos Didelfídeos, um gambá!

Estava sem condições de subir e condenado a uma morte lenta por desidratação ou inanição…

Após criteriosa avaliação das condições da parede e da profundidade do poço, providenciamos, dentre nosso equipamento usual, o necessário para resgata-lo, cordas, lanternas e um bornal. Realizada a descida por rapel improvisado, o gambá foi colocado no bornal, içado e posteriormente liberado no interior da mata, andando lentamente e subindo em uma árvore – são suas características normais, a lentidão no andar e facilidade em subir em árvores.

Foi uma noite que nos deixou duplamente satisfeitos pelo trabalho realizado e pela grata oportunidade em salvar uma vida animal.

Fonte: Equipe composta pelo médico veterinário responsável pelo PNCRH na regional de Xanxerê, Luiz Cláudio Todeschini e pela estagiária, estudante de Medicina Veterinária Leidiane Laura Gabiatti.