Fundação Municipal 25 de Julho e CIDASC incentivam o cultivo orgânico com cursos e controle de vendas de químicos, respectivamente.
O uso intensivo de agrotóxicos, incentivado pelo governo a partir de 1975 por meio do Plano Nacional de Desenvolvimento, que incluía uma cota para os produtos defensivos nos financiamentos de crédito rural, aos poucos vai sendo revertido com a produção orgânica, novas técnicas de cultivo e maior preocupação com o meio ambiente e a saúde. Exemplos como o do produtor Eliezer Boos, 49, que há dez anos abandonou o uso de agrotóxicos no cultivo de hortaliças, demonstram uma nova conscientização, ao menos entre os pequenos produtores.
A mudança na propriedade de 24 mil m2 na zona rural do bairro Cubatão surgiu depois de participação em cursos técnicos na Fundação 25 de Julho. Os equipamentos para aplicação de agrotóxicos deram lugar à enxada e ao carrinho de mão, usado para carregar os adubos orgânicos. “Sempre fui contra o uso de veneno. A partir dos cursos, vi que era possível o cultivo sem químicos”, disse, informando que o que faltava era incentivo. “Parei antes de qualquer problema grave de saúde.”
Nos campos de Eliezer, a alface é o principal produto. Na última temporada, foram cerca de 160 mil unidades colhidas. Rúcula, almeirão, couve, repolho e quiabo completam a lista. Comparando o cultivo à base de defensivos e a produção orgânica, Eliezer diz que consegue colher praticamente a mesma quantidade. A diferença é a qualidade. “A planta fica mais tenra e sensível. O pessoal valoriza a qualidade porque a diferença é grande. Um alface cultivado com produto químico é duro e, por isso, dura uma semana”, disse.
Os custos finais também não sofrem alteração significativa, pois há necessidade de maior trabalho braçal. “Abaixa o custo, mas aumenta a mão de obra”, explica. A maior parte da produção é vendida para comerciantes do Jardim Paraíso. Ele ainda fornece para a merenda escolar das escolas municipais e para um programa social apoiado pelo governo do Estado. Embora seja um diferencial para pequenos produtores, Eliezer avalia que o uso de agrotóxicos em grandes cultivos, como de arroz e de milho, ainda deve persistir. “Dispensar o uso de químicos numa plantação maior se torna mais complicado.”
Fonte: Notícias do Dia – NDONLINE