A produtora Claudia Hess produz banana em Balneário Piçarras. Foto: Denise De Rocchi (Ascom/Cidasc)

Cerca de 15% da população catarinense vive em zonas rurais, um resultado um pouco acima da média nacional. Os dados do IBGE mostram que há mais mulheres do que homens vivendo no campo em Santa Catarina, sendo a força de trabalho ainda em sua maioria masculina. No entanto, um número crescente de mulheres tem se interessado pela atividade agropecuária e pela liderança de propriedades rurais. 

A atividade rural pode ser ao mesmo tempo uma tradição de família e uma escolha consciente, como ocorreu com Morgana Alberton, de Orleans. Formada em Psicologia, ela assumiu o comando da produção leiteira iniciada por seus pais, Hélio e Santina Alberton. Tanto pela idade quanto pelo gênero, foi vista com alguma desconfiança em certos momentos: “Alguns vendedores homens chegavam na propriedade e diziam ‘preciso falar com teu pai’ ou ofereciam um produto e, quando eu dizia que não precisava naquele momento, me falavam ‘chama teu esposo, quero conversar com ele’, achando que talvez eu não soubesse comprar”, relembra Morgana. 

A produtora Morgana Alberton assumiu o comando da propriedade familiar. Foto: Denise De Rocchi (Ascom/Cidasc)

O marido e ela investiram em uma queijaria, registrada no Serviço de Inspeção Municipal (SIM) de Orleans, para agregar valor ao leite. Para chegar nesta etapa, foi muito importante a certificação da propriedade como livre de brucelose e tuberculose, uma ideia apresentada à família pela médica veterinária da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) Carmen Regina Vieira, responsável por fiscalizar a propriedade familiar.

A queijaria Capannone produz queijo colonial, queijo minas e ricota, exclusivamente com o leite produzido na propriedade familiar. Foto: Jaqueline Vanolli (Ascom/Cidasc)

“Há quatro anos, quando ingressei na Unidade Veterinária Local de Orleans, tínhamos duas propriedades certificadas e hoje temos 16, a da Morgana é uma delas. A certificação de propriedade livre de brucelose e tuberculose nos oferece a oportunidade de entrar na propriedade, de levar muita informação aos produtores e produtoras e conhecer o status sanitário dos rebanhos”, explica a médica veterinária. 

Ela ressalta que estas doenças são zoonoses, que podem ser transmitidas pelo consumo do leite cru de animal contaminado, e sem a testagem dos animais, há o risco de um bovino contaminado comprometer o restante do rebanho. Por isso, a educação sanitária realizada pela Cidasc é fundamental para ajudar o produtor ou a produtora a ser bem sucedido na sua atividade e para garantir a saúde pública. 

A família como inspiração

Cláudia Hess, o filho e a neta: a sucessão familiar está em curso. Foto: Denise De Rocchi (Ascom/Cidasc)

Garantir uma vida digna para a família impulsiona muitas produtoras a investir no campo. Claudia Hess, de Balneário Piçarras, ficou viúva há 18 anos e decidiu que não podia desistir, pois o filho pequeno e as pessoas que trabalhavam na propriedade dependiam dela. Hoje o filho, com 26 anos, trabalha na Bananas Hess com a mãe e outras 15 pessoas no manejo dos bananais, colheita e embalagem das frutas. 

A produtora investiu em mudas de boa qualidade, que frutificam em menor tempo. A lida diária começa bem cedo, às 5h da manhã, independente da época do ano. A produção de bananas prata e caturra é vendida em Santa Catarina, em outros estados e também em países vizinhos. A exportação é possível porque a propriedade tem certificação fitossanitária, que garante que as frutas não foram atingidas por pragas como a sigatoka negra. 

A mais recente fiscalização da defesa sanitária vegetal na propriedade da família Hess foi realizada por duas mulheres, as engenheiras agrônomas da Cidasc Fabiana Alexandre Branco e Karina Chertok Bittencourt. A visita permite obter mais informações sobre a produção e orientar o agricultor sobre medidas de prevenção e controle de pragas. 

As engenheiras agrônomas da Cidasc Fabiana Alexandre Branco e Karina Chertok Bittencourt. Foto: Jaqueline Vanolli (Ascom/Cidasc)

“Para poder alcançar outros mercados, como a Argentina, que é um dos nossos principais destinos de exportação, é necessário que a produção seja enquadrada dentro do sistema de mitigação da certificação fitossanitária. Sem esta atividade que a Cidasc realiza, com o trabalho de fiscalização, não seria possível exportar. Estamos aqui para alavancar mercado e abrir portas para o agro catarinense”, explica Fabiana Alexandre Branco.

A força feminina

Carmen Vieira é uma das médicas veterinárias da Cidasc e atua na defesa sanitária animal. Foto: Denise De Rocchi (Ascom/Cidasc)

A Cidasc tem hoje em seus quadros 141 médicas veterinárias e 12 engenheiras agrônomas, além de 120 mulheres trabalhando como auxiliares operacionais e auxiliares agropecuárias nos postos fixos de fiscalização (PFFs). Elas atuam na atividade fim da companhia, orientando produtores e agroindústrias e fiscalizando o trânsito de cargas de interesse agropecuário, como cargas vivas, produtos de origem animal e produtos de origem vegetal. 

O aumento na participação feminina nas atividades relacionadas ao agro na iniciativa privada e no setor público é perceptível. Dos inscritos no Conselho Regional de Medicina Veterinária de Santa Catarina (CRMV/SC), 57% são mulheres.

Na defesa agropecuária, estas profissionais rapidamente conquistam a confiança das produtoras. Para Morgana Alberton, receber de uma profissional mulher as orientações sobre defesa sanitária animal lhe transmitiu segurança e gerou uma proximidade maior. “Como a Carmen Vieira também tem um olhar feminino, mais apurado, ela nos traz dicas e ideias e a gente consegue aprimorar muito mais a qualidade final”, conta a produtora. 

Seja na produção agrícola ou na pecuária, a satisfação em trabalhar juntas é um sentimento mútuo. “Nós temos um acolhimento melhor, não é necessário provar a toda hora que você é capaz e que é uma profissional qualificada”, conta engenheira agrônoma Fabiana Alexandre Branco. A colega Karina Bittencourt, aprovada e nomeada no concurso público realizado no ano passado, gostou da acolhida dos produtores e dos colegas agrônomos na Cidasc, especialmente de poder aprender com outra profissional com mais tempo de empresa, como Fabiana. 

Ao contrário da Medicina Veterinária, na Agronomia a diferença de gênero ainda é acentuada: cerca de 20%dos profissionais são mulheres e 80% homens, segundo o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea). Para quem as vê no trabalho de campo, fica evidente que a diferença está na estatística e não na capacidade. “As agrônomas da Cidasc não têm medo, elas vão na roça, elas vão na propriedade que for. Mulheres, vocês são capazes de fazer qualquer coisa que um homem faz”, diz a produtora rural Claudia Hess. 

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