As micotoxinas causam um grande prejuízo para a bovinocultura leiteira pela redução na qualidade e quantidade do leite produzido, transtornos reprodutivos, aumento na incidência de doenças e morte de animais. Existem mais de 400 micotoxinas conhecidas, porém as mais importantes na bovinocultura leiteira são a zearalenona, a vomitoxina (DON) e as aflatoxinas. Normalmente essas micotoxinas estão associadas no mesmo alimento e exercem efeito sinérgico – aumento da toxicidade.

Foto: Cidasc

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Micotoxinas são compostos extremamente tóxicos, produzidos por fungos que se desenvolvem no campo ou nos sistemas de armazenagem. Após produzidas, não são eliminados pela cocção, peletização ou durante a produção da ração ou da silagem. Estão presentes em praticamente todos os alimentos, sendo muito frequentes no milho, principal alimento das vacas leiteiras.

Quando presentes em doses altas, causam doenças ou mortes de animais. Algumas micotoxinas são microbicidas ou microbiostáticas, ou seja, elas atuam como antibióticos, impedindo o crescimento ou matando bactérias no rumem. Isto quer dizer que, além de produzir os efeitos tóxicos sobre órgãos ou tecidos, causam distúrbios na atividade microbiana ruminal e, consequentemente, no desenvolvimento do animal.

No sistema de produção brasileiro, normalmente as micotoxinas estão presentes em doses relativamente baixas e não causam perdas visíveis ou sinais clínicos como nas altas doses. Doses baixas de micotoxinas causam piora na qualidade e na quantidade de leite produzido; transtornos reprodutivos, como o aumento na taxa de retorno ao cio; piora na imunidade e como consequência na resposta das vacinas e no aumento da necessidade do uso de antimicrobianos e a piora na conversão alimentar e no ganho de peso diário.

Em silagens, as micotoxinas podem ser produzidas nas plantas antes de serem colhidas. Aspergillus flavus e espécies do gênero Fusarium, por exemplo, dependendo da interação de certos fatores estressantes, podem produzir suas micotoxinas na planta ainda durante o cultivo. Quando a anaerobiose e a acidez são estabelecidas na silagem, esses fungos de campo têm o seu crescimento interrompido, mas suas micotoxinas, se presentes, permanecerão ativas. Dessa maneira, micotoxinas como a zearalenona, os tricotecenos e a fumonisina, devem ser consideradas como micotoxinas que seriam produzidas no período anterior à ensilagem ou quando a silagem não tiver sido adequadamente preparada ou que as espécies de Fusarium puderem continuar a crescer no material ensilado. No caso dos grãos utilizados na alimentação de bovinos, a formação da toxina também pode acontecer no campo, e as principais micotoxinas são as mesmas das silagens: zearalenona, vomitoxina, fumonisina, entre outras. Após a colheita, a micotoxina mais importante é a aflatoxina. Ela ocorre nos processos de transporte e armazenagem se atividade de água não for controlada.

O controle das micotoxinas, após sua produção nos grãos ou silagens, não é uma tarefa fácil. A maioria dos produtos antimicotoxinas disponíveis no mercado brasileiro são a base de argilas ou leveduras e atuam apenas através da adsorção. Esse método de controle é eficaz apenas na adsorção de micotoxinas polares, como as aflatoxinas e ergotaminas. Para o controle das duas principais micotoxinas presentes nos grãos e silagens, a zearalenona e a vomitoxina, o método de adsorção tem baixa eficácia, sendo que a biotransformação enzimática a alternativa mais atual e eficaz.

Com relação à biotransformação, produtos inativadores de micotoxinas a base de enzimas específicas são a única opção cientificamente comprovada para o controle de zearalenona e vomitoxina, independente da idade dos animais ou do ciclo de produção da bovinocultura leiteira.

Fonte: O Presente Rural – Artigo escrito por Everson Zotti, Médico Veterinário, M.Sc, D.Sc, professor da PUC-PR e gerente regional de Contas Chaves da Biomin.