Imagem Ilustrativa

A preocupação com o controle de enfermidades, novas normativas de defesa sanitária, inspeção de ovos e questões ambientais desafiam a avicultura de postura brasileira. Estes pontos exigem atenção e investimentos desta cadeia para que o Brasil siga produzindo ovos com alta tecnologia e com elevada eficiência na produção o que resulta em produto de boa qualidade.

A conjuntura atual brasileira do setor de ovos foi abordada por Avicultura Industrial, que entrou em contato com dois especialistas envolvidos com este setor – Elisabete Aparecida Lopes Guastalli e Mário Nihei. Ambos participam do Concurso de Qualidade de Ovos de Bastos, que será realizado no dia 16 de julho de 2014. Confira as informações:

Elisabete Aparecida Lopes Guastalli
Bióloga formada pela FAI- Adamantina (SP), com mestrado em microbiologia agropecuária pela Unesp de Jaboticabal.
É pesquisadora do Instituto Biológico de São Paulo – Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Bastos (SP).
Elisabete participa do concurso pela segunda vez. A primeira vez foi em 2010.

Imagem

– Quais são os desafios que englobam a produção de ovos nos dias atuais?
Como microbiologista, não poderia deixar de me preocupar com o controle de enfermidades das aves e manifestar minha preocupação com relação à resistência antimicrobiana encontrada no campo. Vejo isso como um desafio na produção de ovos, uma vez que o tratamento com antimicrobianos é uma das formas de diminuir o impacto das enfermidades bacterianas. Porém, os altos índices de resistência aos antibióticos têm preocupado a avicultura mundial, a exemplo da medicina humana.

– O Brasil é referência neste tipo de produção? Quais nossas vantagens e desvantagens?
No Brasil os ovos são produzidos com alta tecnologia e com elevada eficiência na produção o que resulta em produto de boa qualidade, e somos favorecidos com a disponibilidade de recursos naturais e de matéria prima de boa qualidade.

– Considerando novas técnicas e tecnologias na produção de ovos, quais critérios são avaliados para certificarmos que um ovo tem boa qualidade?
Na maioria das vezes o consumidor observa somente os aspectos externos e a data de validade do produto. O consumidor não leva em consideração, na hora da compra do produto, as qualidades microbiológica e físico-química do conteúdo dos ovos. Essa qualidade interna, no entanto, deve ser assegurada pelo produtor.
As tecnologias empregadas durante a produção podem ser o diferencial de um produto de boa qualidade e fazer a diferença, minimizando fatores indesejáveis como, por exemplo, na aparência da casca do ovo, trincas, sujeiras, defeitos e manchas de sangue.

– Quais diferenciais devem ser considerados nas avaliações dos ovos (Brancos, Vermelhos e de Codorna)?
São considerados na avaliação dos ovos a aparência externa. Este é o primeiro item a ser considerado, tanto nos ovos brancos quanto vermelhos e de codorna. Nesse quesito, ainda, é avaliada a uniformidade no tamanho e na cor dos ovos de cada bandeja inscrita. Também é levado em conta o peso do ovo.
Depois, é a vez do conteúdo, a análise dos aspectos internos do ovo. Nesse critério está a avaliação da altura e centralização da gema, consistência da clara, coloração da gema, e também se o ovo contém impurezas (manchas em geral).

– Sobre o Concurso de Qualidade de Ovos de Bastos, quais as expectativas/perspectivas para esta edição?
Como o Concurso de Bastos está a cada ano mais competitivo e prestigiado, aumentam também as responsabilidades dos juízes e, por conseguinte, o desejo dos avicultores em participar desse evento que qualifica os ovos das granjas classificadas, concedendo uma espécie de “selo de qualidade”, o que valoriza o produto dos avicultores que são classificados no concurso.
Portanto, acredito que haverá ainda maior participação dos avicultores este ano, até porque a edição 2014 terá mais novidades nos quesitos de avaliação, buscando aprimorar a premiação. Com a transparência utilizada nos critérios e na avaliação dos ovos, o Concurso de Qualidade de Ovos de Bastos ganha cada vez mais credibilidade.

Mário Nihei
Médico veterinário formado pela Universidade Estadual de Londrina (PR), com 36 anos de atuação no mercado avícola.
É diretor técnico da H&N Avicultura.
Atua como juiz do Concurso de Qualidade de Ovos de Bastos há cerca de 7 anos.

Imagem

– Quais são os desafios que englobam a produção de ovos nos dias atuais?
Hoje, o avicultor convive com diversos desafios em sua atividade. Merecem destaque:
1-    As novas normativas de defesa sanitária, inspeção de ovos e questões ambientais – que são importantes e necessárias -, mas que, entretanto, exigem atenção e investimentos pelo produtor de ovos.
2-    A necessidade de investimentos na melhoria das instalações, com a implantação da automatização nos processos de produção – especialmente pela dificuldade de contratação e custos cada vez maiores de mão de obra.
3-    Preocupação constante com a logística de aquisição, transporte e armazenamento de grãos, porque a maioria dos produtores está distante da área de produção de grãos.
4-    Constante aprimoramento do produto ovo, quanto ao tipo e qualidade, porque o mercado consumidor é dinâmico e cada vez mais exigente.

– O Brasil é referência nesse tipo de produção? Quais as nossas vantagens e desvantagens?
1- Vantagens:
Temos disponibilidade de grãos, o que garante uma ração de boa qualidade.
Temos também como vantagens a boa ambiência e a boa condição sanitária.
Enfim, temos uma excelente produtividade.

2- Desvantagens:
São pontos negativos os altos custos com o transporte, impostos, burocracias, entre outros.

– Considerando novas técnicas e tecnologias na produção de ovos, quais critérios são avaliados para certificarmos que um ovo tem boa qualidade?
Na qualidade externa, na casca, são levados em conta para a avaliação, os seguintes critérios:
– Visualmente são avaliadas a presença de sujidades, trincas, cor e sua uniformidade, e outros defeitos, como textura, formato, protuberâncias etc.
Com o uso de equipamento específico são avaliadas resistência e espessura da casca.
Na qualidade interna do ovo, são levados em conta os seguintes critérios:
– Visualmente é avaliada a consistência da clara, a presença de sangue e tecidos, uniformidade e cor da gema, bem como a sua centralização.
– O uso do equipamento específico permite uma avaliação mais precisa na qualidade interna, medindo os parâmetros de peso, altura da clara e determinando a Unidade Haugh.

– Quais diferenciais devem ser considerados nas avaliações dos ovos (Brancos, Vermelhos e de Codorna)?
Os diferenciais entre os ovos devem ser considerados somente na parte externa, visualmente, quanto à cor e sua uniformidade da casca, de acordo com a preferência do mercado consumidor.
Outros aspectos, como resistência e espessura da casca, e qualidade interna são parâmetros comuns entre os tipos de ovos.

-Sobre o Concurso de Qualidade de Ovos de Bastos, quais as expectativas/perspectivas para esta edição?
O Concurso de Qualidade de Ovos de Bastos sempre estabelece desafios aos produtores. Eles se sentem desafiados a melhorar seu produto, o que gera sempre uma grande expectativa entre os participantes.
A qualidade do ovo envolve vários processos, desde o alojamento da pintainha até a seleção dos ovos que serão avaliados no concurso. Portanto, o evento mobiliza toda a cadeia de produção, desde a genética da ave, passando pela nutrição, ambiência, sanidade e manejo.

Fonte:  Redação Avicultura Industrial