Na audiência, ontem, o gerente regional da Cidasc em Tubarão, Claudemir Souza dos Santos (em pé, à direita do governador), explanou todo o diagnóstico da região. Foto: Antônio Carlos Mafalda/Governo do estado/Notisul

O trabalho de dragagem da Barra do Camacho, em Jaguaruna, é paliativo. Sempre foi. A ação da maré arrasta a areia para dentro do canal e o resultado é a formação de bancos até que fecha completamente.
A solução definitiva está em duas obras pleiteadas há tantos anos que ninguém mais lembra quantos: a ampliação de 150 metros dos molhes nos lados norte e sul (dentro do mar) e o término do enrocamento (proteção) de pedras na parte norte do canal.

Ontem, o governador Raimundo Colombo (PSD) não só autorizou uma destas obras, como assegurou R$ 900 mil para a execução. Será feita a proteção de pedras. São aproximadamente 350 metros do molhe até a ponte.
O projeto básico já existe. O trabalho é feito por uma equipe da Amurel. Agora a pressa é da prefeitura em terminar todas as adequações e conseguir as licenças ambientais. Com esta parte importante garantida, a próxima luta do município e da comunidade pesqueira da região é conseguir recursos para executar o molhe.

Para isso é necessário no mínimo R$ 2 milhões. A verba chegou a ser pleiteada junto ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em 2010, mas o projeto ficou fora dos investimentos previstos para aquele ano.
Depois, chegou-se a cogitar a inclusão na segunda edição do programa federal, o PAC 2, mas ficou por isso. Mesmo com esta obra, a dragagem sempre será necessária, não com tanta frequência. Além disso, este investimento, aliado à redragagem do Rio Tubarão, seria o complemento ideal para a prevenção de cheias na região.

Custo x benefício

♦ A barra do Camacho recebe um número considerável de afluentes e, com a influência do mar, de tempos em tempos, sofre assoreamento em determinados pontos, o que dificulta a passagem da água dos rios e lagoas ao oceano.
♦ Com os detritos existentes nos afluentes, ocorre uma redução drástica de oxigenação nas águas e, consequentemente, a diminuição gradual da vida marinha.
♦ A redragagem do canal da barra aumenta a salinidade no interior das lagoas, o que permite a entrada de peixes e crustáceos.
♦ A abertura do canal é sinônimo de sobrevivência para cerca de duas mil famílias distribuídas entre as comunidades de Camacho, Santa Marta, Santa Marta Pequena, Garopaba do Sul, Cigana, Riacho dos Francisco, Canto da Lagoa, Jabuticabeira e Laranjal.
♦ Além de beneficiar diretamente a pesca, a abertura do canal diminui consideravelmente os riscos de cheias em Jaguaruna, Laguna, Treze de Maio e Tubarão.

E a draga vai para…

… Para o Rio Carniça! A discussão sobre qual trabalho seria executado antes, se o desassoreamento da Barra do Camacho, em Jaguaruna, ou do Rio Carniça, em Laguna, chegou ao fim ontem, no mesmo encontro que serviu para assegurar a obra do enrocamento de pedras na barra.
Com a maré alta e a boa quantidade de chuva nos últimos tempos, o próprio mar encarregou-se de abrir o canal em Jaguaruna. Obviamente não é o ideal, mas está muito melhor do que em março, por exemplo.

Desta forma, o secretário estadual da agricultura e da pesca, João Rodrigues, optou por atender Laguna antes. Contudo, a diretoria da CIDASC somente vai autorizar a gerência regional do órgão em Tubarão a executar o projeto, após a expedição da licença ambiental, pela Fundação Lagunense do Meio Ambiente (Flama).

A Barra do Camacho será redragada quando o canal estiver completamente fechado. Isto porque como a areia é trazida pelo mar, a draga tira de um lado e a maré deposita em outro. No ano passado, 64.625 metros cúbicos de areia foram retirados do local.

O valor é equivalente a cerca de 10,8 mil caminhões de areia. O trabalho não chegou a ser concluído justamente porque o canal estava aberto. De qualquer forma, o secretário prometeu que se houver necessidade, a draga irá para o Camacho para efetuar mais um paliativo.

A situação no Rio Carniça

Antiga alça do Rio Tubarão, o Rio Carniça, em Laguna, está em situação precária em função do assoreamento do leito. Quando não chove por muitos dias, as lanchas e até mesmo botes menores não podem navegar.
Além da pesca, o manancial também é utilizado por muitos moradores como rota para levar as crianças à escola, já que o caminho é mais rápido do que por terra.
A estimativa da gerência regional da CIDASC em Tubarão é que seja necessário remover pelo menos 70 mil metros cúbicos de sedimento do Rio Carniça, para que o leito volte a ser navegável.

Fonte: Zahyra Mattar Jaguaruna – NOTISUL